Rio - O depoimento de Mariana Cardim de Lima, mãe do adolescente João Gabriel Cardim, de 16 anos, durou pouco mais de quatro horas na 16ª DP (Barra da Tijuca). Segundo informações, a mulher passou mal três vezes por isso o depoimento precisou ser interrompido. Para o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), o relato dela é fundamental para a conclusão do inquérito, já que Mariana estava no exato momento em que o modelo Bruno Krupp, de 25 anos, atropelou e matou seu filho.
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Na saída da delegacia, a mulher disse estar à base de remédios. "Só Deus para me manter de pé e ter me trazido até aqui e colocado profissionais competentes para tratar desse caso. Tenho ficado à base de remédios, acompanho muito pouco o noticiário. Minha família e amigos têm me amparado nesse momento", disse.
A mãe de João Gabriel estava acompanhada da advogada Luciana Moira, que afirmou que a família está em busca de justiça. Na entrada da distrital, antes do depoimento, Mariana também já havia sinalizado que iria em busca de justiça. "Meu coração não guarda ódio deste rapaz, mas ele precisa ser responsabilizado para que outras pessoas não sejam vítimas dele", disse.
Com o depoimento de Mariana, a Polícia Civil afirmou que vai concluir o inquérito nos próximos dias.
O caso
João Gabriel morreu na noite de 30 de julho, depois de ter sido atropelado pelo modelo e influenciador Bruno, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O atropelamento aconteceu quando mãe e filho atravessavam a via, voltando de uma confraternização familiar e decidiram passar na praia antes de irem para casa. O adolescente acabou sendo atingido pelo influenciador, que conduzia uma motocicleta sem placa e habilitação. Apesar da avenida ter velocidade máxima permitida de 60 km/h, uma testemunha relatou que ele estava a mais de 150km/h.
Com o impacto do atropelamento, João Gabriel teve uma perna amputada. O rapaz e Bruno foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, também na Barra da Tijuca. A vítima chegou a ser levada para o centro cirúrgico da unidade de saúde, mas não resistiu. O modelo foi atendido e deixou o local no dia seguinte.
O influenciador foi encontrado no Hospital Marcos Moraes, no Méier, Zona Norte, dias depois. Na última quarta-feira (3), a juíza Maria Izabel Peranti decretou a prisão preventiva de Krupp. A permanência na unidade de saúde, que implicava no atraso da prisão, foi acelerada após o médico que atendia o influenciador ser alvo de inquérito da 16ª DP (Barra da Tijuca) por falsidade ideológica e fraude processual.
De acordo com a Polícia Civil, o atropelamento foi registrado inicialmente como lesão corporal na direção de veículo automotor, mas com a morte da vítima, seria investigado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Entretanto, a juíza estabeleceu que Bruno deve responder pelo crime de homicídio doloso eventual no trânsito, quando assume o risco de matar. Na decisão, a magistrada explica que há indícios suficientes para o submeter ao julgamento pelo Tribunal do Júri.
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