08/08/2022 - Depoimento de Mariana cardim Lima(de rosa ao lado sua advogada), mãe de João Gabriel cardim, que morreu depois de ter sido atropelado pelo modelo Bruno Krupp. Local - 16° DP- delegacia legal da Barra da Tijuca. Na foto: Mariana (de rosa) ao lado das irmãs e de sua advogada (loira de óculos).Cléber Mendes/Agência O Dia

Rio - Bastante emocionada e chorando muito, a mãe do adolescente João Gabriel Cardim, de 16 anos, Mariana Cardim de Lima chegou por volta das 13h, desta segunda-feira (8), para depor na 16ª DP (Barra da Tijuca). O rapaz morreu na noite de 30 de julho, depois de ter sido atropelado pelo modelo e influenciador Bruno Krupp, de 25 anos, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
"Meu coração não guarda ódio deste rapaz, mas ele precisa ser responsabilizado para que outras pessoas não sejam vítimas dele. Eu estou lidando com isso com muita fé, remédio e apoio de toda a minha família", disse. Mariana recebeu o apoio de suas duas irmãs até o interior da delegacia.
Para o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), o depoimento dela é fundamental para a conclusão do inquérito. "A mãe é uma testemunha importante, pois estava no exato momento do evento. Ela está agora prestando depoimento e explicando de maneira detalhada como foi esse trágico acidente que ceifou a vida do seu filho. A gente espera terminar esse depoimento e outros também. Recebendo os laudos periciais, vamos encaminhar eles e encerrar o inquérito para entrar na fase judicial", explicou.
Os investigadores acreditam que nos próximos dias o inquérito concluído será encaminho para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Também não há previsão de um novo depoimento de Bruno, visto que ele já está preso preventivamente. "Agora ele só irá falar em juízo", disse Antenor Lopes.
A Polícia Civil também abriu um procedimento para apurar uma possível fraude processual por parte do médico Bruno Nogueira Teixeira, que não permitiu que o modelo fosse levado ao sistema prisional, alegando um suposto problema nos rins e necessidade de ser submetido a uma hemodiálise, além de exames. 
"O delegado da 16ª DP (Barra da Tijuca) achou atípica a atitude do médico, contrariando a equipe do hospital. O médico Bruno recomendou que ele ficasse na UTI, mas todos os especialistas deram alta para ele. Por isso abrimos um procedimento para apurar uma possível fraude nesta conduta", explicou o diretor da DGPC.
Relembre o caso
O atropelamento aconteceu quando mãe e filho atravessavam a via, voltando de uma confraternização familiar e decidiram passar na praia antes de irem para casa. O adolescente acabou sendo atingido pelo influenciador, que conduzia uma motocicleta sem placa e habilitação. Apesar da avenida ter velocidade máxima permitida de 60 km/h, uma testemunha relatou que ele estava a mais de 150km/h.

"Antes de a gente atravessar, a gente olhou e estava muito distante, muito distante, mesmo, os carros. Não tinha nenhuma projeção de nada perto da gente, mas, em segundos, a moto estava em cima dele e eu já perdi a noção do que eu estava vendo. Eu vi o meu filho estendido no chão, pedindo socorro. Eu comecei a gritar, pedir ajuda a todo mundo", lembrou a mãe da vítima, em entrevista ao 'Fantástico' da TV Globo, neste domingo (7).
Com o impacto do atropelamento, o adolescente teve uma perna amputada. João e Bruno foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, também na Barra da Tijuca. A vítima chegou a ser levada para o centro cirúrgico da unidade de saúde, mas não resistiu. O modelo foi atendido e deixou o local no dia seguinte.

O influenciador foi encontrado no Hospital Marcos Moraes, no Méier, Zona Norte, dias depois. Na última quarta-feira (3), a juíza Maria Izabel Peranti decretou a prisão preventiva de Krupp. A permanência na unidade de saúde, que implicava no atraso da prisão, foi acelerada após o médico que atendia o influenciador ser alvo de inquérito da 16ª DP (Barra da Tijuca) por falsidade ideológica e fraude processual.

De acordo com a Polícia Civil, o atropelamento foi registrado inicialmente como lesão corporal na direção de veículo automotor, mas com a morte da vítima, seria investigado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Entretanto, a juíza estabeleceu que Bruno deve responder pelo crime de homicídio doloso eventual no trânsito, quando assume o risco de matar. Na decisão, a magistrada explica que há indícios suficientes para o submeter ao julgamento pelo Tribunal do Júri.