Vítima com amigo na praiaDivulgação

Rio - Um espanhol que mora no Brasil há três anos conhecia Uwe Herbert Hahn e Walter Henri Maximillen Biot e afirmou à delegada Camila Lourenço, da 14ª DP (Leblon), que o casal brigava rotineiramente. Em mensagem enviada ao irmão da vítima, no dia 17 de julho, o belga disse que iria ligar para o familiar outro dia e escreveu "É o inferno aqui com Uwe", referindo-se ao marido. Ele chega a manifestar desejo de reportar os fatos à polícia, sendo encorajado pelo irmão que o incentiva "Não se preocupe. Tenha coragem". Em seguida, o belga manda foto com uma ferida no queixo. 
O espanhol, residente no Brasil desde outubro de 2019, é comerciante e proprietário de uma barraca na praia de Ipanema, Zona Sul do Rio. Ele conheceu Walter um mês após chegar ao país, quando ainda trabalhava em uma outra barraca, no mesmo bairro. Em depoimento, o espanhol afirmou que sua relação de amizade com Walter se estreitou durante a pandemia, quando eles faziam caminhadas todos os dias na Lagoa Rodrigo de Freitas, exceto finais de semana, porque Uwe estava em casa e não permitia que Walter saísse. 
Ainda em depoimento, ele afirmou que Walter parou de trabalhar quando casou com Uwe. Também disse que ele tinha muitos amigos na região, mas Uwe não tinha contato com ninguém. Por não trabalhar, Walter era constantemente diminuído por Uwe, segundo o comerciante, e era o responsável pelas tarefas domésticas. 
Na delegacia, o espanhol disse também que o casal tinha brigas constantes. Ele contou que, em uma ocasião, o belga resolveu se separar do cônsul alemão e se mudou para a casa de um amigo rico na Bélgica, com todas as despesas pagas por ele. Após três meses, no entanto, ele retornou ao Brasil e reatou com o companheiro. Um ano depois, de acordo com o estrangeiro, o amigo de Walter faleceu e deixou uma herança de 600 mil euros. A partir de então, com o seu próprio dinheiro, Uwe passou a ficar muito irritado e as brigas aumentaram. Walter teria passado a sair sozinho, independente da autorização do marido alemão, o que provocou discussões diárias entre o casal. 
Walter relatou ao estrangeiro que sentia vergonha dos vizinhos por causa da gritaria constante e, por diversas vezes, os objetos lançados um no outro. Ele ainda afirmou que, por esses motivos, Walter ficou cada vez mais recluso e só mantinha contato com ele através de mensagens no celular. Na última terça-feira, o espanhol chegou a perguntar ao belga porque não atendia telefone, e ele respondeu que estava em depressão por causa do marido. 
Noite do crime
A polícia foi acionada na noite da última sexta-feira para o apartamento do cônsul, uma cobertura em Ipanema, Zona Sul do Rio. O médico do Samu, identificado como Pedro Henrique, foi acionado por volta das 20h e se recusou a atestar o óbito por mal súbito. A polícia acredita que o cônsul tenha demorado a chamar o socorro e confessou que pediu para que uma limpeza fosse feita no apartamento, o que dificultou a perícia. No entanto, luminol foi usado no imóvel e marcas de sangue foram encontradas em móveis.
Ao ser encontrado, o belga estava de cueca boxer branca, com marcas de sangue, caído no chão da sala. Ainda de acordo com a delegada, a vítima já vinha sofrendo algum tipo de agressão, por causa de lesões antigas.