A servidora pública federal, Regina Campos, 57, veio conferir de perto a exposição do niteroiense Cauby PeixotoMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - São diversas as razões pelas quais o astro do rádio Cauby Peixoto cativava fãs: o vozeirão, o estilo extravagante e a influência de familiares e amigos. Quem é niteroiense tem um motivo a mais para se orgulhar e ir à Sala Carlos Couto ver a exposição sobre o cantor na cidade que ele nasceu. Quem conferiu não se arrependeu. Foi o caso da servidora pública federal, Regina Campos, 57, que se diz fã de Cauby desde pequena. "Ele é um artista niteroiense que merece todo o nosso aplauso! É mais um que leva a cidade a ser reconhecida culturalmente. A visita é muitíssimo oportuna", exaltou ela, que tem, como sua música favorita, a tradicional "Conceição".
“Viva Cauby Peixoto!” tem a curadoria de Teca Nicolau e colaboração de Lucas Correia dos Santos. Fotografias, revistas de época, figurinos, troféu, sapatos e LPs, que contam um pouco sobre a trajetória do cantor, compõem a mostra. Morto em 2016, aos 85 anos, a postura, a voz e a presença artística imortalizaram o niteroiense na cultura nacional.
O aposentado Gamaliel Quinto, 85, contou que lembra-se da primeira vez que ouviu falar em Cauby Peixoto. Foi em Belo Horizonte, através de um de seus colegas de classe, no ginásio. Desde aquele momento, fez questão de acompanhar a carreira do artista e reverenciá-lo, quando das suas apresentações em Niterói.
"É, até hoje, a maior voz que o Brasil já teve. Tenho ainda todos os discos, recordações de seus shows no teatro da UFF. Era um ícone que Niterói produziu", falou.
Entretanto, há quem não saiba e se alegre ao descobrir que Cauby nasceu do lado oposto da Baía de Guanabara. É o caso do locutor Julio Alfradique, 54, que conta que não era grande fã de Cauby por sua carreira artística, mas, sobretudo, por sua postura.
"Sempre me chamou muito atenção o quanto Cauby era elegante. Seja no palco ou fora dele. E foi uma surpresa enorme saber que ele era de Santa Rosa, localidade onde eu sempre vivi. A exposição é muito didática, muito bem feita sem necessariamente ser algo arrastado. Eu aconselho que você, sendo fã ou não, venha saber quem foi esse artista único", disse.
Teca Nicolau, diretora da Sala, comentou a importância de abrir as postas para uma homenagem desse nível a, segundo ela, um dos gigantes da nossa história e que, ao ver a emoção das pessoas no primeiro dia, teve a certeza que os fãs jamais deixaram Cauby morrer, ser esquecido.
"A Sala Carlos Couto receber todo esse acervo, gentilmente, cedido pela família é algo muito especial. Cauby tem tudo a ver com Niterói. Ele nasceu em Santa Rosa. Com 15 anos, se mudou pro Fonseca e estudou no Salesiano. Ele é muito atual até hoje e sempre foi à frente do tempo dele", disse.
A exposição, inclusive, apresenta Cauby para um público mais jovem que talvez não conheça ou nunca tenha escutado o artista. Afinal, ele começou a sua carreira, em 1950, apresentando-se em programas de calouros como ‘A Hora dos Comerciários’, na Rádio Tupi. Atuou em seguida como crooner em diversas boates do Rio de Janeiro e São Paulo. No ano seguinte, gravou o seu primeiro disco e, em 1953, assinou o seu primeiro contrato.

Em 1954, entrou para o cast da Rádio Nacional. Dois anos depois, já era o cantor mais famoso do rádio, passando a ser perseguido pelas fãs em qualquer lugar onde estivesse. Muitas vezes, chegava a ter suas roupas rasgadas pelas admiradoras mais ardorosas. Em 1958, lançou o grande sucesso do ano, e sua interpretação mais famosa, o samba-canção ‘Conceição’, de Jair Amorim e Dunga. Depois, gravou alguns rocks e foi considerado o primeiro popstar brasileiro e um dos primeiros cantores a tentar carreira internacional. Saiu nas revistas ‘Time’ e ‘Life’, como o ‘Elvis Presley Brasileiro’, em 1959. Nos Estados Unidos, fez temporada de 14 meses, onde gravou em inglês ‘Maracangalha’, de Dorival Caymmi, com o título de ‘I Go’.

Em 1980 comemorando 25 anos de carreira, lançou pela Som Livre o antológico LP ‘Cauby! Cauby!’, com composições escritas por nomes como Caetano Veloso, Tom Jobim e Chico Buarque. No ano de 1993, foi homenageado com Ângela Maria, na festa de entrega do Prêmio Sharp para os melhores da MPB. Em 2007, recebeu o Grammy Latino na categoria ‘Melhor Álbum de Música Romântica’, com o CD ‘Eternamente Cauby Peixoto – 55 anos de carreira’.

Foi premiado como melhor cantor e melhor álbum (‘Minha Serenata’), vencendo duas das mais concorridas categorias do Prêmio da Música Popular Brasileira, no Rio de Janeiro, no ano de 2013. Três anos depois, iniciou a turnê ‘120 Anos de Música’, ao lado da cantora Ângela Maria, no qual comemoram os respectivos 60 anos de carreira.
Produtor de seus últimos discos, Thiago Marques Luiz falou com a reportagem do DIA do privilégio que foi ter trabalhado com esse ícone da nossa música. "Um ser humano fantástico, sem maldade e que amava música profundamente. Ele pensava em música como um artesão, estudava a interpretação, vibrava com os acordes, com as nuances musicais que ele próprio criava. Tinha alegria de cantar. Viveu pra música."
Thiago, apesar de morar em São Paulo e não ter nenhuma viagem programada ao Rio, espera poder ver a exposição de perto.
SERVIÇO

A exposição “Viva Cauby Peixoto”!, na Sala Carlos Couto, na Rua XV de Novembro, 35, Centro de Niterói, recebe o público para visitação até o dia 25 de setembro. O horário de funcionamento é de quarta a sexta, das 11h às 18h, e finais de semana das 15h às 18h.
Quando não houver espetáculo aos sábados e domingos no Theatro Municipal de Niterói, a Sala não abrirá para visitação.