Galho de uma árvore cai e mata diarista que chegava para trabalhar na Ilha do Governador Sandro Vox / Agência O Dia

Rio - Uma mulher morreu após ser atingida na cabeça por um galho que caiu de uma árvore no fim da manhã desta terça-feira (23), no bairro Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. Segundo relatos de testemunhas, moradores já haviam feito o pedido de poda da árvore que, segundo eles, poderia cair a qualquer momento. 
A queda aconteceu na esquina da Rua Macari com a Rua Carmen Miranda. Vizinhos da vítima, identificada como Luzia Mendes, de 38 anos, contam que ela tinha comemorado o aniversário nesta segunda-feira (22) e saía para trabalhar quando foi atingida pelo galho. O Corpo de Bombeiros foi acionado para o socorro da vítima, mas a encontrou morta. Luzia morava em Duque de Caxias e trabalhava como diarista na casa de uma família na Ilha do Governador. Ela deixa o marido e duas filhas.
"Pensei que tinha batido nos carros. Ela nem gritou. Foi muito rápido. Bateu na cabeça e acabou. Quando os bombeiros chegaram, ela já estava com o lábio todo roxo", disse Felipe Valente, morador da rua onde a árvore caiu. 
O vizinho da vítima conta que a rua tem várias árvores em situação parecida, que precisam de poda para não representar risco aos pedestres. "São árvores que são muito altas e elas tinham que ser podadas. Vários galhos secos. Elas tinham que ser podadas. Isso era uma tragédia anunciada, então a qualquer momento um galho desse poderia cair. São várias árvores, não é só essa que caiu. Daqui para lá, são muitas outras árvores. Muita gente passar por aqui, principalmente no horário escolar", disse.
Moradora da região, a bióloga Rosangela Assis comenta que já registrou mais de 20 protocolos junto a Prefeitura do Rio para o serviço de poda das árvores, mas nenhum serviço foi realizado pelos órgãos públicos. "Não tomaram nenhuma providência, esperaram acontecer o pior para de repente tomar uma atitude. Eu sinto muito pela pessoa, pela família, uma moça jovem. Muito revoltante. Pagamos para ter os serviços prestados e, infelizmente, não temos retorno", comentou.
Segundo ela, um engenheiro chegou a ir até o local e atestou a necessidade do serviço nas árvores da rua. "No verão, vários galhos caem. Semana passada caiu um galho enorme em cima do carro de um rapaz que trabalha no meu prédio", lembrou. Após o incidente, parte da rua onde aconteceu a queda da árvore foi interditada.

Uma equipe de policiais militares do 17º BPM (Ilha do Governador) foi acionada para o endereço e, ao chegarem no local, já encontraram militares do Corpo de Bombeiros. O caso foi registrado na 37ª DP (Ilha do Governador).

Questionada sobre a reclamação da falta de poda da árvore que vitimou a mulher, a Prefeitura do Rio disse que o serviço era considerado de alta prioridade, mas que dependia do desligamento da rede elétrica da Light para ser feito.
"Esse local estava entre os 19 pontos com prioridade máxima para poda somente na região da Ilha do Governador. Todos os pontos constam do ofício de prioridade máxima enviado pela Subprefeitura das Ilhas à Light no dia 12 de abril de 2021", afirmou a prefeitura. 
Entretanto, em nota, a Light afirmou que não recebeu ofício formal da Comlurb para apoiar serviço de poda. Segundo a companhia, este documento  é acordado entre as empresas (Light e Comlurb) e utilizado rotineiramente. O ofício deve conter a data de vistoria, o nome engenheiro que realizou a vistoria, o tipo de vegetal, com fotografia, e a solicitação do desligamento da rede elétrica para a execução do serviço.
A companhia reiterou que o pedido de poda (que não é função da Light) da subprefeitura, não possui laudo técnico e que ainda realizou poda na Rua Carmen Miranda, 555, em 19 de agosto de 2021. O serviço foi executado somente pela empresa, sem participação da Comlurb, devido à necessidade, naquele momento, de podar galhos próximos à rede elétrica no local, conforme mapeado por equipes técnicas, dentro do plano de inspeção e manutenção da empresa. A realização desta poda se deu pela inspeção do circuito elétrico realizada pela Light, e não por uma solicitação da Subprefeitura.

Por fim, a Light reiterou que a poda de árvores, assim como a remoção dos vegetais, é de responsabilidade dos municípios. A companhia atua somente no apoio dos serviços quando os galhos estão em contato, ou muito próximos à rede elétrica, para mitigar os eventuais impactos e interrupções no fornecimento de energia.
O corpo de Luzia foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). Ainda não há informações sobre a data e local de sepultamento da vítima.