Greve dos rodoviários de Caxias e Magé formam longas filas na rodoviária de Caxias, no Centro do municípioMarcos Porto/Agencia O Dia
Rio - Esta quarta-feira (24) começou nada tranquila para os moradores de dois municípios da Baixada Fluminense. Rodoviários cruzaram os braços e paralisaram 50% da frota de ônibus que roda dentro de Caxias e Magé, além dos que ligam as duas cidades a outros locais. Por causa das longas filas e coletivos lotados, muitos precisaram fazer trajeto a pé para conseguir chegar ao trabalho.
Rodoviários paralisam 50% do serviço e passageiros enfrentam longas filas nos terminais de ônibus de Caxias, na Baixada Fluminense. #ODia
— Jornal O Dia (@jornalodia) August 24, 2022
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Camilla Rodrigues, 27 anos, moradora de Inhaúma, funcionária de uma farmácia em Ramos, pega o ônibus de Caxias para chegar ao trabalho. Com a falta do coletivo, ela contou ter tido que andar, embaixo de chuva, uma longa distância até conseguir pegar outro diferente do habitual.
"Depois de andar bastante, ainda precisei pegar o 908 lotado para que eu não chegasse atrasada. Como não estou habituada a esse ônibus, peguei ele no sentido oposto e fui parar em Cavalcanti. A minha sorte é que minha chefe é compreensiva, mas, mesmo assim, devido ao perrengue, passei mal devido a uma queda de pressão", contou Camilla.
O almoxarife Flávio Tavares, 42, morador de Caxias, contou que chegou ao ponto às 6h45. No entanto, só conseguiu pegar seu 569 às 9h10. E, ainda sim, bastante cheio.
"O ônibus que, normalmente, sai de 10 em 10 minutos, está saindo com intervalo de 1h30. No entanto, ainda que nós, população, estejamos sendo prejudicados, eu não deixo de apoiar a atitude dos rodoviários. Eles estão lutando pelo deles. Poderia ser eu, poderia ser você, poderia ser qualquer categoria", comentou.
Exigindo reajuste salarial, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Caxias e Magé estipularam na última quarta-feira (17) estado de greve, com paralisação marcada para o dia 24 por tempo indeterminado. Segundo o presidente, a categoria está desde abril tentando negociar com as empresas. Inclusive, duas reuniões foram realizadas sem que chegassem a um número que agradasse a ambos. Uma das reivindicações é um reajuste de 11,71% no salário retroativo a junho.
"Estamos sem reajuste desde 2019. Trabalhadores de 11 empresas aderiram e estamos respeitando a lei de greve, mantendo 50% da frota em funcionamento. Todos nós entendemos que a população, que já anda em ônibus velho, cheio, sujo e com barata, esteja ainda mais irritada por estar sem ele, mas pedimos que entendam que o rodoviário também tem família", afirmou José Rodrigues da Costa.
Por nota, o Setransduc, sindicato que representa as empresas de ônibus em Caxias e Magé, informou que foi surpreendido com a paralisação parcial dos rodoviários e já solicitou à Justiça a decretação da ilegalidade do movimento, uma vez que foi celebrado, na última segunda-feira (22), um acordo para o reajuste salarial da categoria e a redução no desconto referente à cesta básica, na Delegacia Regional do Trabalho de Caxias.
O Setransduc ainda solicitou o retorno imediato ao trabalho dos rodoviários que aderiram à paralisação para normalizar a operação e evitar os transtornos causados à população de Caxias e Magé.
O Setransduc ainda solicitou o retorno imediato ao trabalho dos rodoviários que aderiram à paralisação para normalizar a operação e evitar os transtornos causados à população de Caxias e Magé.
Perguntado a respeito desse acordo, José Rodrigues confirmou que, de fato, houve a dita reunião de segunda-feira. Entretanto, ele afirmou que, ainda no encontro, teria deixado claro que o acordo não tinha sido aprovado por ele e, posteriormente, em assembleia na noite de terça-feira (23), foi rejeitado por unanimidade por 536 trabalhadores rodoviários.
A Prefeitura de Duque de Caxias informou, através da Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos, que a paralisação do transporte público de passageiros na cidade não é total, e, segundo a nota, no começo da tarde, as empresas Santo Antônio e Trel já colocaram 90% dos ônibus em circulação e que as demais, que exploram as linhas municipais, estão liberando seus veículos com a chegada dos rodoviários.
Entretanto, o sindicato não confirma a informação.
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