Lohan Pinheiro foi morto com dois tiros pelas costas, e ainda conseguiu guiar moto até em casa para pedir socorroReprodução

Rio - A família de Lohan Pinheiro, morto no último domingo (4), contesta a versão do policial militar que o bombeiro mecânico teria tentado assaltá-lo. Em entrevista ao "BDRJ", da TV Globo, Robert Silva Pinheiro, irmão da vítima, contou que o jovem foi morto pelo PM ao passar na entrada de uma festa, em Nova Iguaçu, para comprar um lanche. Segundo Robert, o agente, que estava de folga, conhecia a vítima e atirou em Lohan após revistá-lo. Outros dois homens foram baleados pelo PM.
Familiares de Lohan Pinheiro disseram em entrevista querer justiça - Reprodução
Familiares de Lohan Pinheiro disseram em entrevista querer justiçaReprodução

O policial militar Renan Leite Santos, lotado no Batalhão de Botafogo, reportou à corporação que teria sido vítima de uma tentativa de assalto em sua residência e que Lohan seria um dos três criminosos responsáveis. Contudo, testemunhas afirmam que o mecânico não estava armado e que PM matou o jovem com dois tiros pelas costas, sem chance de defesa.
"A versão que o PM deu no depoimento dele não bate com a de nenhuma testemunha que estava nessa festa. Todo mundo sabe que meu irmão era trabalhador. Meu irmão nunca precisou mexer em nada de ninguém. Moleque bom. O cara mais puro que eu já conheci na minha vida. Meu maior ídolo é o meu irmão. Te amo, Lohan", desabafou Robert.
O irmão ainda afirmou que Lohan só fora a festa, ocorrida na Rua Abreu Fialho, no bairro Miguel Couto, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, comprar e levar batata frita para a mulher.
"O policial, que sequer deveria poder ser chamado de policial, parou meu irmão, levantou o casaco dele e viu que ele não estava com arma nenhuma. Esperou o Lohan sair com a moto para dar dois tiros nas costas dele, em um ato de covardia absurda. O Lohan ainda conseguiu guiar até em casa para pedir socorro a minha irmã e meu cunhado, que o levaram para o hospital", completou.
De acordo com a irmã de Lohan, o PM chegou a ir até o portão casa de Lohan, quando baleou mais duas pessoas. 
"O Renan e o Lohan se conheciam da região. Ali todo mundo se conhece. Estava dentro de casa, assistindo pela fresta da janela, quando vi que as pessoas começaram a falar para o PM que ele tinha feito "besteira". Foi quando ele sacou a arma e baleou outra pessoa à queima roupa no peito. O tiro atravessou e ainda atingiu outro homem", contou.
Além de Lohan, os outros dois homens feridos, que também deram entrada no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, foram identificados como Wanderson Patrick dos Santos, de 27 anos, e Geovane de Carvalho, de 32. Wanderson foi baleado no peito e está em estado grave, porém estável, segundo a assessoria da unidade de saúde. Já Geovane foi baleado na mão e teve alta. 
Em nota, a Polícia Militar confirmou que o mecânico e seus amigos foram baleados pelo agente. Entretanto, a corporação alega o policial teria reagido a uma tentativa de assalto por três homens, que foram socorridos ao hospital. Ainda de acordo com a PM, toda a investigação do caso está a cargo da Polícia Civil.
A Policia Civil informou que a 58ª DP (Posse) investiga o caso. O policial militar prestou depoimento e testemunhas estão sendo ouvidas. Os agentes realizam diligências e buscam informações para elucidar os fatos.
Protestos
Moradores da região fizeram, na tarde desta terça-feira (6), um protesto após a confirmação do mecânico, onde se iniciou em frente a casa de Lohan, e se estendeu até o centro do bairro, onde um ônibus foi incendiado.
Nas redes sociais, circulam vídeos das manifestações por todo o bairro, onde é possível diversas ruas interditadas desde pneus queimados até pedaços de madeira no meio da rua.