Segundo familiares, os dois viviam um relacionamento conturbado e ele já a agrediu outras vezesRedes sociais

Rio - "Nós ficamos dois anos sem vê-la e vimos só no enterro", lamentou Rayane Oliveira, três dias depois da morte de sua prima, Ana Carolina da Conceição de Azevedo, de 26 anos. A mulher foi assassinada pelo companheiro, identificado como Douglas de Carvalho Avellar, na sexta-feira (9), em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Douglas foi preso neste domingo (11), em Cabo Frio, após fugir da cidade.

"A gente está mal, pois ela era tão nova. Estamos muito tristes. Queremos Justiça por ela, a gente espera que ele fique anos preso e que pague por tudo que fez", desabafou Rayane.
De acordo com familiares de Ana Carolina, Douglas sempre se mostrou ser um homem muito agressivo, que constantemente agredia a vítima. Eles contaram ainda que o relacionamento dos dois era conturbado, violento e com brigas constantes.

Na ocasião do crime, Douglas levou a vítima até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Belford Roxo, alegando que a mulher havia tentado suicídio com remédios. Mas, de acordo com Rayane, os médicos desconfiaram da versão, já que Ana Carikuba tinha diversas marcas de enforcamento.
O suspeito foi localizado no bairro Tamoios, em Unamar, distrito de Cabo Frio. A Polícia Militar informou equipes o avistaram na Rua da Assembleia "em atitude suspeita".

O casal estava junto há dois anos e tiveram uma menina de oito meses. Além da bebê, Ana Carolina deixou mais dois filhos pequenos, de outro casamento.
Rayane revelou ainda conta que Douglas mantinha a jovem em cárcere privado e que os familiares estavam sem vê-la desde o início do relacionamento. Segundo ela, Ana Carolina não havia prestado queixa por sofrer constantes ameaças.

"Ela passava por tortura há dois anos, ele batia nela e nos filhos dela todo dia. Ela não denunciou porque ele ameaçava a família dela, falava que ia matar todo mundo", relatou. Ela também declarou que a vítima tentou fugir de casa com os filhos diversas vezes, mas seu companheiro sempre a encontrava e fazia ameaças.
Segundo parentes, ao saber da morte da vítima, Douglas desativou as redes sociais dele e de Ana Carolina, ao qual tinha acesso. O homem, depois de fugir, deixou a filha do casal com seus parentes que, de acordo com família materna da criança, não permitem o contato.

Em um relato no Facebook, um dos amigos da mulher afirmou ter entrado em contato com o suspeito em um aplicativo de mensagens, antes da conta ser desativada. Na conversa, Douglas afirma não ter feito mal à Ana Carolina e reafirma que ela teria cometido suicídio. Ele ainda diz que um dos filhos da mulher ouviu a suposta briga.

"Brigamos ontem, quando eu fui trabalhar, ela falou que preferia morrer do que viver comigo. Eu cheguei e ela estava assim. O Leonan viu tudo. Eu cheguei do trabalho, ela falou para ele que queria morrer. Posso sim ter sido o culpado mas eu não a matei não, pelo amor de Deus", disse Douglas.

O enterro de Ana Carolina aconteceu neste domingo (11), no Cemitério Solidão, em Belford Roxo, Baixada Fluminense. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Ana Carolina entra para a estatística de feminicídios que, até julho desse ano, já registrava 57 casos do crime no Rio de Janeiro, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP). Os dados apontam que, em cinco anos, os números aumentaram em mais de 70% no estado.