Prédio atingido por caixa dágua que caiu segue em reforma no Condomínio Leme IIArquivo Pessoal

Rio - Três meses depois de uma caixa d'água cair em cima de um dos prédios do Condomínio Leme II, em Santa Cruz, na Zona Oeste, uma moradora relatou ao DIA que nem ela e nem seus vizinhos receberam algum tipo de suporte da Prefeitura do Rio ou da construtora que realizava uma obra no terreno. Segundo Débora Cristina, de 39 anos, a caixa d'água não foi colocada ainda no lugar e, para tentar solucionar o abastecimento, foi posto um cano que leva a água diretamente para os apartamentos. No entanto, a força da água vem estourando o encanamento dos prédios, inclusive, dentro de sua cozinha. 
"No último sábado (17) a força da água estourou o cano direto e molhou tudo na minha casa, tudo! A mesa, o rack, o sofá... está tudo molhado. E a gente mais uma vez fica no prejuízo", disse a moradora. Ela também explicou que, desde o desmoronamento da torre, equipes da construtora estão desmontando a parte quebrada e informaram aos moradores que o equipamento iria ser consertado.
Após o incidente, apenas uma cesta básica, no dia da queda, e um cobertor foram oferecidos aos condôminos. "Agora a gente vai se virando como pode. Só nos deram a cesta e o cobertor porque fomos atrás", diz. Débora não teve o apartamento diretamente afetado com a queda do castelo d'água, mas sua mãe, que vive com seu irmão cadeirante, teve o apartamento alagado e perdeu diversos itens de casa por causa da queda do castelo d'água.
Débora diz ainda que o cômodo mais atingido foi o quarto de seu irmão cadeirante, que também é portador de necessidades especiais. Na ocasião, ele perdeu todos os móveis do quarto e teve a cadeira quebrada. Até hoje, segundo a moradora, nem a Prefeitura e nem a Construtora se manifestaram para ajudar com os custos das perdas, mesmo com a família procurando auxílio e, por conta disso, há três meses seu irmão não consegue se locomover.
"A gente correu atrás, mas nada adiantou. Eles deram uma cesta básica e uma coberta e acharam que era muito. A cadeira de rodas dele (irmão) está quebrada até hoje porque não temos dinheiro para comprar uma nova", desabafou.
Uma moradora do conjunto, que preferiu não se identificar, contou que após o acidente com o castelo d'água, todos os três condomínios estão sofrendo com o abastecimento, já que a Direcional Engenharia interditou todas as caixas d'água e fez instalações diretas.

"Está um colapso, uma dificuldade total, chega sábado e domingo então, nem se fala. Não tem solução nenhuma. Ela [a construtora] deu até o final de dezembro para a obra estar pronta. E a respeito do castelo d'água, está em cotação no momento. A construtora reprovou os condomínios Leme I e o Leme III, mas afirmou que não vão fazer o serviço, só deram o laudo e vamos ter que arruma uma empresa para fazer o reparo. Do Leme II vão assumir porque a responsabilidade é da construtora. Do resto não vão fazer, interditaram e não vão liberar", desabafou.

De acordo com seu relato, diariamente os condomínios Leme I, II e III tem encanamentos estourados, por conta da força da água, que afetam o abastecimento.

"Todo dia estoura um cano, está sendo um problema total. Durante o dia não tem água, a noite quando chega, o cano estoura, porque antes a água do castelo não tinha tanta pressão e agora tem. A diferença é muito grande. Todo dia são feitos não sei quantos reparos dentro dos condomínios. No último domingo (18) ficou praticamente todo mundo sem água no Leme II porque não tinha como fazer o reparo", afirmou.
Segundo a Secretaria de Ordem Pública do Rio (Seop), não foi realizada nova vistoria no Condomínio Leme II, em Santa Cruz, pela SUBPDEC. Os moradores do prédio interditado e as obras de recuperação dessa edificação atingida pelo desabamento do castelo d'água, foram e estão sendo atendidas pela Construtora do empreendimento Minha Casa Minha Vida, sob a supervisão e gerência da Secretaria Municipal de Habitação.
Procurada Secretaria Municipal de Habitação (SMH) informou que tem atuado no acompanhamento às famílias atingidas pela ocorrência em referência com funcionários destacados no local e com a mobilização das ações intersetoriais necessárias junto aos demais órgãos.
Em nota, SMH relatou ainda que foi realizado o atendimento social às 18 famílias atingidas com oferta de inclusão no Auxílio Habitacional Temporário durante o tempo da obra. Mas que apenas 16 aceitaram.

"No Aterrado do Leme II, desde a data do sinistro, foram realizados vários procedimentos contando principalmente com a presença da Defesa Civil, Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Habitação, Secretaria Municipal de Saúde, Construtora Direcional, CEDAE, Subprefeitura da Zona Oeste. A empresa Direcional, que está arcando com os custos da reconstrução e os custos do acidente, já iniciou o serviço de reconstrução da estrutura física e também fará a reconstrução e liberação das áreas de acessibilidade a cadeirantes", disse o comunicado

A previsão de finalização do trabalho é de seis meses.
O que diz a construtora
A Direcional Engenharia informou que a companhia se comprometeu em fazer os reparos nas moradias atingidas e prestar assistência às pessoas. "Logo após o acidente, várias medidas foram tomadas para mitigar os impactos junto aos moradores. Com o apoio da concessionária local, o abastecimento de água foi prontamente restabelecido", disse a construtora.
O edifício atingido não foi condenado e a estrutura está em fase de reforma. "Assim que esta fase do conserto terminar, as famílias serão liberadas para voltar aos seus imóveis e um novo castelo d’água será instalado", garantiu a empresa.