José Henrique da Silva, conhecido como "Zé Careca", de 53 anos, foi morto durante operação da PM e Polícia Civil no Complexo da MaréReprodução/Facebook
A mulher, que não quis ser identificada, explicou que o marido foi assassinado quando estava indo encontrá-la. "Ele montava a barraca, voltava para casa para descansar e vinha de manhã para nos ajudar a tirar tudo. Ele deve ter escutado tiro e, como sabe que fico nervosa, foi para ficar comigo. Não deu tempo do meu marido chegar até mim", lamentou a viúva.
O sepultamento de Zé Careca foi acompanhado por cerca de 50 pessoas, entre familiares e amigos que também moram no Complexo da Maré. Segundo a viúva, ele era um homem trabalhador e foi morto como se fosse um criminoso.
"A gente mora em comunidade e eles acham que todo mundo é traficante. A gente mora ali porque não tem condições de morar em um lugar melhor. (...) Ele é trabalhador, aposentado, nunca se envolveu com ninguém ali de dentro. Eles entram e não perguntam quem é bandido, quem não presta. Viram ele na moto atiraram e perguntaram depois", disse a mulher .
A violência que atinge a Maré voltou a encontrar Zé Careca em 2018. No ano em questão, o barraqueiro foi testemunha da morte do menor Marcus Vinicius Silva, de 14 anos, atingido quando ia para a escola na comunidade. O adolescente foi morto após ser baleado na barriga, no mesmo momento em que forças segurança realizavam operação no complexo de favelas.
O barraqueiro estava convocado para depor sobre o ocorrido na Delegacia de Homicídios no próximo dia 3 de outubro. A investigação do caso que aconteceu há quatro anos segue sem novidades e ainda não foi encaminhado para a Justiça.
A mãe de Marcus, Bruna da Silva, foi a primeira pessoa a encontrar o corpo de Zé. Segundo relato de parentes, a barraca da família funcionava durante bailes e eventos no interior da comunidade, com a venda de bebidas e petiscos.
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