Obra é da artista RafaMon e precisou de 800 latas de spray para ser pintadaAna Clara Schwartz

Rio - A Escola Municipal Rivadavia Corrêa, no Centro do Rio, ganhou nesta sexta-feira (30) um painel de cerca de dois mil metro quadrados em homenagem ao patrono da educação, Paulo Freire. Celebrada com apresentações de alunos e distribuições de livros, a inauguração do mural faz parte das comemorações do Bicentenário da Independência. A obra é da artista RafaMon, conhecida por seus trabalhos em vários pontos da cidade, e precisou de 800 latas de spray para ser pintada.
"Esse presente fica como legado para a escola, para a cidade. Abre no muro um portal que conecta diretamente com o sonho, com o poder de criação, com os valores que a educação representa. Dá um senso de pertencimento, de cuidado", afirmou o secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, Antoine Lousao.
A pintura está inserida no projeto Territórios Educativos do Eixo de Educação Patrimonial da Gerência de Projetos Pedagógicos Extracurriculares da Secretaria Municipal de Educação (SME), que tem como foco o reconhecimento, a valorização e a preservação do patrimônio cultural.
A artista RafaMon pintou também o mural do Ginásio Experimental Tecnológico (GET) Elza Soares, no Rocha, Zona Norte, inaugurado em março deste ano. O mural da cantora faz parte de um dos braços do projeto, o Trilhas Identitárias, que já recebeu várias personalidades que passaram pela rede municipal. O objetivo do projeto é fortalecer o trabalho pedagógico, demonstrando, através desses 'casos de sucesso' a força e a influência dessas figuras no fortalecimento desses espaços educativos, empoderando os atuais alunos.
A Escola Rivadavia Corrêa foi fundada em 1877 e é uma das Escolas do Imperador, ou seja, criadas ainda na época do império. 
Quem foi Paulo Freire
Paulo Freire foi educador, pedagogo e filósofo. Nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife, e passou a vida defendendo uma educação crítica, que transformasse a sociedade, buscando um mundo menos autoritário, discriminatório e desigual.
Em 1946, foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com pessoas analfabetas pobres. Já em 1961, mesmo ano em que se tornou diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, realizou junto à sua equipe a constituição do Método Paulo Freire. Esse método de alfabetização de adultos tornou-se exemplo ao ser implementado em Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963. Em apenas 45 dias, seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana.
A convite do ex-presidente João Goulart, Freire coordenou, no Brasil, o Programa Nacional de Alfabetização. O programa acabou sendo extinto pela ditadura militar em abril de 1964, menos de três meses após ter sido oficializado. Logo depois, foi perseguido pela ditadura militar e teve de deixar o país.
De volta ao Brasil, em 1980, Freire lecionou em importantes universidades, como UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Foi também secretário de Educação de São Paulo na Prefeitura de Luiza Erundina (1989-1992).
O pedagogo morreu em 1997, aos 75 anos, vítima de um infarto do miocárdio. Em 2012, por meio da Lei 12.612, de 13 de abril de 2012, de autoria da Deputada Federal Luíza Erundina, Paulo Freire foi declarado Patrono da Educação Brasileira. Seu livro "Pedagogia do Oprimido" é o terceiro mais citado de todos os tempos em pesquisas da área de ciências sociais.