Professora teria incentivado aluno a revidar agressão em salaFoto: Divulgação

Rio - Mães de alunos da Escola Municipal Velinda Maurício da Fonseca, em Rocha Miranda, Zona Norte do Rio, denunciaram uma professora do 4º ano por incentivar a violência entre estudantes. A docente foi flagrada ordenando um menino que devolvesse uma suposta agressão a um colega de classe, que seria autista. O episódio foi gravado na segunda-feira (10) por uma aluna e repassado pelos responsáveis à diretora da escola.

A mãe de uma menina de 10 anos que estuda na turma disse que não é a primeira vez que a professora incentiva os estudantes a revidar agressões. Há três semanas, após a filha se queixar da profissional, a mãe de uma outra criança pediu que ela gravasse a aula.
"Esse vídeo foi feito porque já havia acontecido um outro caso semelhante com esse mesmo aluno 'especial'. Uma menina havia batido nele, e essa professora mandou ele devolver comum tapa na cara", disse.
Já a mãe da aluna que gravou a atitude da professora revelou que a filha já havia reclamado algumas vezes do comportamento da docente. Segunda ela, há três semanas atrás, a criança relatou alguns episódios de agressão.

"Minha filha chegou transtornada em casa. Eu liguei para outros pais, para confirmar se estavam cientes do que estava ocorrendo. Quando alguns confirmaram, pedi a ela para gravar as aulas. Somente com provas eu poderia fazer a denúncia", afirmou.

A mãe se surpreendeu quando a filha mostrou a gravação: "Eu esperava que a professora tivesse uma outra forma para mediar os problemas. Ela poderia dar um castigo em quem estivessem brigando, mas não fazer aquilo".

Pais não aprovam o comportamento da professora

Os episódios não foram as únicas reclamações sobre a docente. De acordo com uma das mães, os responsáveis por alunos criticam, inclusive, as atitudes dela durante o horário de aula.

"Ela fuma dentro de sala de aula e bate as portas e cadeiras. Também grita com os alunos, além de não passar conteúdo, nem mandar trabalho para as crianças estudarem em casa", disse.

Ela ainda questionou a postura da coordenadora da unidade. Quando a profissional soube das denúncias, foi tirar satisfação com os estudantes: "Ela falou que ia resolver a situação. Mas depois foi na sala de aula repreender os alunos e os chamou de fofoqueiros e que eles não deviam contar em casa o que acontecia na escola".

Uma das estudantes teria contado à mãe sobre o ocorrido e, para surpresa dos pais, a diretora fez uma nova repreensão e ainda ameaçou os alunos.

"A mãe da menina ligou novamente para a diretora, para questionar o que tinha acontecido. Ela deu uma desculpa e depois gritou em sala que a menina não devia que se meter com o que não era da conta dela. Além disso, falou que toda a turma ficaria com nota vermelha e seriam reprovados", relatou a mãe de uma das menores.
Como não obtiveram retorno da direção, algumas mães se dirigiram à 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), no mesmo bairro, para denunciar professora e diretora. Durante o atendimento, tiveram uma surpresa. Na instituição, foram informadas pela ouvidora que o vídeo não serviria como prova pois é proibido o uso de telefone celular dentro de sala de aula.

"Então, se minha filha apanhar dentro de sala, e filmarem, ela não pode utilizar a gravação? Foi a própria mãe que pediu para ela fazer o registro", afirmou uma mãe.

Na manhã desta terça-feira (18), a diretora recebeu alguns pais de alunos na unidade por cerca de dez minutos. Os responsáveis pretendem registrar ocorrência na delegacia.

Procurada, a direção da Escola Municipal Velinda Maurício da Fonseca não atendeu às tentativas de contato.

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que "repudia e não compactua com nenhuma atitude violenta de qualquer profissional da rede e essa postura não representa o trabalho realizado pelos profissionais da nossa rede de Educação".

A secretaria instaurou uma sindicância na unidade escolar para apurar os fatos e já afastou a professora.