PM Thiago do Santos Almeida, acusado de feminicídio se apresentou a corporação e foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Marcos Porto/Agencia O Dia

Rio – O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, nesta terça-feira (18), por meio da 1ª Promotoria de Justiça, junto ao III Tribunal do Júri, o policial militar Thiago dos Santos Almeida pelo crime de feminicídio. No dia 10 de outubro, em Bangu, Zona Oeste do Rio, Thiago atirou contra sua companheira, Ellen Ramos Soares Ribeiro, de 32 anos, na presença dos dois filhos da vítima, um menino de 12 anos e uma menina de 2. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), foi recebida a denúncia oferecida pelo MP, mas ainda não há informações se foi aceita.
De acordo coma promotora de Justiça Fernanda Neves Lopes, o crime foi praticado por motivo torpe, em razão de excessivo sentimento de posse do acusado. A promotora destacou sendo certo que, após brigas e agressões, a vítima resolveu ir para a casa da mãe, em Bangu, gerando a revolta do policial, que realizou o crime de maneira cruel, pois além dos disparos efetuados contra a vítima, o acusado ainda a espancou, causando-lhe intenso sofrimento e humilhação.
A promotora ainda reiterou que o crime foi cometido durante a noite, dificultando a defesa da vítima, visto que Thiago pulou o muro da residência quando Ellen estava dormindo, e a manteve sobre a mira de um revólver. Segundo a denúncia, o crime foi cometido contra mulher por razões da condição de sexo feminino, envolvendo violência doméstica e familiar, visto que o denunciado e vítima eram companheiros.
Ainda de acordo com a denúncia, a Promotoria requer ainda a condenação do denunciado ao pagamento de indenização pelos danos materiais e morais causados à família da vítima, em valor a ser apurado no curso do processo.
Relembre o caso
O soldado da Polícia Militar Thiago dos Santos Almeida, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, foi preso suspeito de matar com pelo menos cinco tiros a companheira na manhã do dia 10 de outubro, na frente dos dois enteados na Rua Sibéria, em Bangu, Zona Oeste da cidade. A professora Ellen Ramos Soares Ribeiro, de 32 anos, foi encontrada pela prima Kelen Cristina de Freitas caída em um cômodo da residência de seus pais por volta de 6h.
De acordo com a Polícia Militar, agentes do 14º BPM (Bangu) estavam em patrulhamento na região quando foram acionados para verificar uma possível invasão de domicílio. Chegando ao local, a prima da vítima informou que o suspeito havia pulado no quintal da casa de Ellen. A testemunha relatou ainda que foi possível ouvir gritos enquanto o PM ainda estava na residência.
Segundo a corporação, quando os agentes entraram na residência encontraram o filho da vítima, de 12 anos, que presenciou a cena, e contou ainda que Thiago havia assassinado sua mãe. Ellen foi encontrada caída no chão do quarto enquanto sua outra filha, de apenas 3 anos, estava em cima da cama.
A vítima era sobrinha do ex-deputado federal e ex-vereador Luiz Carlos Ramos, conhecido como Luiz Carlos Ramos do Chapéu, e prima do vereador Luiz Carlos Ramos Filho (PMN). Ambos estiveram no local onde ocorreu o crime.
Segundo o vereador, o PM já teria agredido Ellen outras vezes, o que inclusive fez com que a vítima fosse parar no hospital, mas ela teria desistido de formalizar a denúncia para não prejudicar a carreira do agente.
"Já tinha tido uma agressão e ela foi denunciar na delegacia, mas precisava do laudo do hospital e teve que voltar para buscar, nisso que voltou ela pensou que para não prejudicar a carreira do rapaz, que tinha só seis meses de polícia, não iria efetivar a denúncia. Mas as mulheres precisam denunciar na primeira vez porque isso já é um indício muito forte, depois a gente lamenta só que após a tragédia não adianta mais", disse.
Luiz Ramos Filho contou ainda que os dois estavam viajando no último final de semana, mas que após algumas brigas Ellen decidiu voltar e ficar na casa da prima.
"Eles estavam brigados e ela veio para casa da prima, ela estava com a filha no colo quando ele invadiu a casa, o filho mais velho ainda tentou defender a mãe, mas foi empurrado. Depoisele disparou 4 tiros contra ela", contou.
O vereador ainda esclareceu que as crianças não são filhos do policial e sim de outro relacionamento e que os dois estavam juntos há cerca de um ano.