Celsinho da Vila Vintém é um dos fundadores da facção criminosa Amigo dos Amigos (ADA)Arquivo/ Agência O Dia

Rio - Celso Luiz Rodrigues, mais conhecido como Celsinho da Vila Vintém, fundador da facção criminosa Amigo dos Amigos (ADA), teve a saída da prisão adiada para esta quarta-feira (19) devido a algumas pendências no alvará de soltura. A liberação dele estava prevista para acontecer na tarde desta terça-feira (18), em Bangu, Zona Oeste do Rio, mas, segundo o advogado de Celsinho, Max Marques, não houve tempo hábil para que o problema fosse solucionado com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
"Deram alguns prejuízos no alvará de soltura, alguns mandados de prisão antigos que já foram certificados, mas não deu tempo de chegar na Seap para o devido cumprimento. Eu fui lá dentro, falei com ele [Celsinho] e ele está tranquilo, calmo, só quer ir embora, mas infelizmente não aconteceu hoje", disse a defesa, que acredita que a liberação seja expedida de manhã.
Considerado um dos traficantes mais perigosos dos anos 1990, Celso Luiz está preso há 20 anos e vai sair da Penitenciária Lemos Brito, no Complexo Penitenciário de Gericinó, debilitado e com graves problemas de saúde.  "Ele fez uma cirurgia no joelho. Tem dois meses que operou, pegou infecção, ficou internado dez dias, mas por falta de fisioterapia não conseguiu se recuperar", explica a defesa.
Defesa nega festa de recepção na Vila Vintém
Ao ser questionado sobre o histórico de fuga do cliente, ele afirmou que o preso só deseja agora viver com a sua família. "Isso tem mais de 30 anos, ele espera agora voltar à família, ver os filhos, netos. Ele também não tem mais nenhum envolvimento [com o tráfico]. É um senhor de idade que tem vários problemas de saúde, daqui para frente é uma nova vida", disse.
A defesa também descartou a possibilidade de comemoração na comunidade Vila do Vintém, na Zona Oeste do Rio, onde ele liderou o tráfico de drogas: "O clima é bem tranquilo, não há qualquer menção de festa, ele só quer ficar com a família".
O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) concedeu liberdade a Celsinho na segunda-feira (17), mas o pedido só foi expedido por volta das 12h desta terça-feira (18). Ele estava na cadeia desde 2002, tendo sido preso pela primeira vez em 1994. Além de tráfico de drogas, ele responde por diversos crimes, como roubo a bancos e homicídios. Condenado a mais de 30 anos, ele obteve a progressão do regime fechado para o semiaberto em janeiro de 2021, mas nunca deixou a prisão devido ao histórico de fugas de cadeias por que passou.
Entenda o motivo de Celsinho ser solto
O traficante estava preso por causa de uma condenação de 15 anos, em regime fechado, por ter comandado a invasão da Rocinha, em 2017. No entanto, durante a Operação Águia na Cabeça, realizada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) em setembro deste ano, descobriu-se que os delegados Mauricio Demétrio e Allan Turnowski realizaram manobras para favorecer o jogo do bicho e o grupo do contraventor Fernando Iggnácio.
Para atender a um dos interesses do bicheiro, os delegados prejudicaram Celsinho, um desafeto de Iggnácio. Na ocasião, os policiais negociaram a transferência do criminoso para a Penitenciária de Catanduvas, no Paraná.
Por este motivo a defesa do traficante entrou com um pedido de habeas corpus, solicitando a soltura dele. Na decisão do último dia 11, a desembargadora Suimei Meira Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal, revogou a prisão, dando direito ao criminoso de responder em liberdade.
"Depois de uma investigação do Gaeco, foram encontrados provas irrefutáveis sobre a incriminação de delegados sobre o Celso. Entramos com habeas corpus e foi reconhecido por unanimidade que ele foi vítima de uma acusação falsa", disse o advogado Max Marques.
*Colaborou Cleber Mendes.