Tiago foi acusado 9 vezes como autor de crimes através de reconhecimento fotográficoRede Social

Rio- “Sensação de alívio”. O desabafo é do jovem Tiago Vianna Gomes, 28 anos, após uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio determinar a retirada da sua foto do livro de suspeitos da 57ª DP (Nilópolis). Ele foi acusado injustamente nove vezes como autor de crimes por reconhecimento fotográfico e chegou a ficar preso por 10 meses. As acusações iniciaram em 2018 após um mal entendido dois anos antes.

O jovem, morador de Mesquita, na Baixada Fluminense, contou como sua foto foi parar nos registros da delegacia. Ele relata que em 2016 foi ajudar um colega a rebocar um carro, sem saber que o veículo era roubado.

“Eu fui ajudar um colega a rebocar um carro até o posto, eu tava no carro da minha mãe na época com minha irmã e minha prima. Quando chegou lá ele pediu pra esperar que ele ia buscar uma corda, nisso passou uma viatura de patrulhamento da polícia perguntando o que tava acontecendo e eu expliquei. Aí ele puxou os documentos do meu carro e viu que bateu tudo certinho, mas quando foi puxar o outro tava dando como roubado, eu falei que não sabia, pedi pra esperar o rapaz que falou que ia voltar, esperamos, mas ele não voltou, nisso eles me conduziram até a delegacia, expliquei tudo, mas não adiantou, tive que pagar uma fiança e depois fui liberado”, explicou.

Tiago explicou ainda que ficou assinando por quase dois anos documentos em audiências, mas que na última assinatura, em 2018, foi realizado um mandado de prisão contra ele. Tiago, no entanto, achava se tratar do caso do carro roubado e não de outro crime.

“Eu achava que era dessa do carro, mas só três meses depois que eu fui descobrir que estavam me acusando de formação de quadrilha junto com uns caras que nunca vi na minha vida, fiquei preso 8 meses, depois respondi em liberdade provisória, mas em 2020 eu recebi uma carta pra ir no fórum, cheguei lá fui preso e descobrir que tinham me condenado há 5 anos e dois meses, fiquei 15 dias presos e fui solto, e depois voltei no fórum e eles falaram que houve um erro e me absolveram da condenação”, explicou.

Medo

Tiago foi inocentado de todas as 9 acusações, mas conta que antes da retirada da foto do livro de suspeitos, sempre andou com medo na rua.

“Todas as acusações eram por foto, não tinha filmagem, provas, nada, e ainda assim as vítimas apontavam para minha foto. Depois da primeira vez que fui preso e vim pra casa eu fiquei entregando quentinha pra minha mãe, fui abordado e minha mãe teve que ir explicar e entrar em contato com a promotora para me liberarem”, contou.

Ele relata que recentemente foi abordado durante uma entrega e ainda bateu o medo e o nervoso de voltar a ser preso ou acusado injustamente.

“Eu tava fazendo entrega e fui abordado, o policial perguntou se eu tinha passagem e falei, mas o medo sempre vinha à mente, ele começou a fazer perguntas e falou que eu fui preso 9 vezes aí eu tive que explicar que tinha duas passagens mas que fui acusado 9 vezes, daí eles ligam pra central e nessa hora passa tudo na cabeça ' será que eu vou voltar pra cadeia?’”, desabafou.