Funcionário da prefeitura faz os primeiros cortes em fiações que serão retiradas pelo projeto Caça-FioReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - A Prefeitura do Rio iniciou, nesta terça-feira (25), o projeto Caça-Fios, uma força-tarefa para eliminar fiações que estejam soltas, partidas e caídas no chão em virtude dos constantes furtos de cabos da rede elétrica da cidade e de fiações de telecomunicações desordenadas, em parceria com a Companhia Municipal de Energia e Iluminação (Rioluz). A expectativa é de que uma tonelada seja removida mensalmente e não há um prazo para a finalização do programa.

Ao todo, equipes da Rioluz, com a ajuda de sete caminhões-cesta, irão circular por toda a cidade, removendo os cabos que estão soltos, principalmente de empresas de telecomunicações. Um caminhão guindaste também foi contratado para recolher os fios após o serviço.

A primeira ação foi realizada na Rua Rodrigues de Santana, em Benfica, Zona Norte do Rio, nas proximidades do Super Centro Carioca de Saúde e contou com a participação do prefeito Eduardo Paes, que cortou o primeiro fio, para simbolizar o início da operação.

No local, o prefeito do Rio falou sobre a situação dos cabos soltos em postes espalhados pela cidade e como o novo programa irá atuar para solucionar o problema. "Isso é uma daquelas coisas absurdas que acontecem aqui com a cidade e é uma desordem institucionalizada de funcionários de serviços públicos, que vão desde empresas de telefonia, passando por concessionárias de energia, que vão abandonando os postes da cidade, vão deixando os fios pendurados, que renovam os fios e não estão nem aí. Então a gente vai sair cortando e aquele que tiver fio pendurado, vai deixar de prestar seu serviço. Isso também vai significar multas e autuações, até que as concessionárias tomem vergonha de ter atitude de manter a cidade organizada", explicou Paes.

Ele também destacou os perigos que a questão dos fios pendurados podem trazer para a população. "Isso é inaceitável, uma agressão urbana, coloca em risco as pessoas. Volta e meia a gente vê um caso de alguma pessoa que foi eletrocutada porque havia um fio solto na cidade. Então, a gente não vai mais permitir que aconteça. São sete equipes totalmente dedicadas a isso, pela cidade. É obvio que não é algo que muda do dia para a noite mas a gente vai criando uma cultura diferente pela cidade, especialmente a respeito dessas concessionárias que fazem isso com o Rio", continuou o prefeito.

Também participaram da inauguração do projeto, a secretária de Infraestrutura, Jessick Trairi, o subprefeito do Centro, Leonardo Pavão e o presidente da Rioluz, Paulo Cezar dos Santos.

A ação contará com apoio das subprefeituras para identificar os postes que necessitam, com urgência, da intervenção e, durante a semana, os técnicos da Rioluz irão percorrer a cidade para realizar o trabalho.

Os fios removidos serão levados para o depósito da gerência de materiais da Prefeitura, em Marechal Hermes, na Zona Norte e ficarão disponíveis por 30 dias para que as empresas responsáveis possam busca-los. Os cabos que não forem retirados pelas companhias serão leiloados e a verba obtida será revertida para os cofres municipais.

O presidente da Rioluz, Paulo Cezar dos Santos, ressaltou os desafios do projeto, coordenado junto à prefeitura. "O desafio é grande, é só andar na cidade onde existe rede elétrica na superfície, que você vai ver que esse tipo de problema existe, mas o desafio foi lançado e aceito, e a gente vai fazer o melhor possível para poder atendê-lo e fazer com que a cidade fique tão bela como ela deve ser", pontuou Paulo.

"O que faz com que essa intervenção venha ocorrer é a presença de fios abandonados nos postes, deixando de forma impraticável a visibilidade, causando desorganização. Nós vamos estar retirando os fios que já estão inutilizados, retirando o excesso de fios onde existir e fazendo um acabamento para que os fios possam estar mais unidos, melhorando a ambiência da rede elétrica aérea na cidade", explicou o presidente da Rioluz.
Ainda que os fios caídos não conduzam mais energia, ainda sim, como já dito, deixam os locais com uma aparência mais feia. Além de uma questão estética, podem causar acidentes, como relata o aposentado Hilário Rodrigues, 86, morador do bairro. Segundo ele, já chegou a presenciar um acidente envolvendo uma ciclista que não notou o fio exposto e acabou ferindo-se na região do rosto.
"Às vezes, até a gente andando mesmo, tá distraído, esse negócio pendurado bate na cara da gente, pode bater em um dos olhos, sei lá. Pelo sim, pelo não, ainda que digam que não é energizado, esse é um outro medo que a gente tem. Então, acho uma boa essa retirada. Mais limpo, mais organizado", comentou.
Francisco do Nascimento, 54, ajudante em um depósito de bebidas ao lado de onde foi o ponto de partida do projeto, olhava atento ao trabalho dos homens da Rioluz. Ele é mais um que confessa ter medo de acabar eletrocutado por um fio desencapado caído do poste. "Principalmente em dias de chuva", afirmou.
Valdomiro Pereira, 71, trabalha em frente ao local onde Paes cortou o primeiro fio. Curioso, ele contou que ficou observando toda a ação na dúvida se realmente a pessoa era quem ele pensava que fosse. Vendedor em uma firma de ferro, Pereira disse que chega ao trabalho às seis da manhã. De acordo com ele, com a queda da luz natural, a capacidade de ver os fios caídos fica mais difícil.
"Eu chego ao trabalho um pouco antes da loja abrir. Sento ali num banco e fico esperando. Como já trabalho aqui há um tempo, sei onde tem e onde não tem fio caído. Fico feliz com essa ação, porque realmente estava uma bagunça", relatou.