'Ele será mais um na estatística', desabafa primo de caminhoneiro morto com tiros de fuzil na Brasil
Familiares e amigos se despediram de Jean Lucas Benjamin de Oliveira em enterro realizado nesta quinta em Itaguaí; corpo foi levado de caminhão até o sepultamento
Jean Lucas Benjamin, morto durante uma tentativa de assalto na Avenida Brasil - Reprodução
Jean Lucas Benjamin, morto durante uma tentativa de assalto na Avenida BrasilReprodução
Amigos e familiares fazem carreata durante ida do corpo de caminhoneiro para o enterro em cemitério São Francisco Xavier, em Itaguaí. Jean Lucas foi morto com tiros de fuzil após resistir a uma tentativa de assalto na Avenida Brasil. #Carreata#ODia Crédito: Reprodução pic.twitter.com/NXLYAmaRyg
Primo de Jean, o comerciante Rodrigo Benjamin, 30, afirmou acreditar que essa morte será mais uma diante tantas outras que ocorrem na cidade graças à violência.
"Sinceramente, não acredito que justiça será feita. O Jean será mais um na estatística. É inacreditável uma pessoa morrer com vários tiros de fuzil em plena Avenida Brasil. E agora? Quem vai contar para os filhos dele que o papai não vai mais voltar?!", questionou.
Rodrigo contou que Jean costumava lidar com fretes e trabalhava por conta própria. A vítima completaria 32 anos no próximo domingo (30). A mulher de Jean, Gleyce Moura, passou mal e foi para o hospital depois de saber da morte. Os pais dele também se sentiram mal após a notícia e precisaram de ajuda médica.
"Tiraram umas das coisas mais valiosas da minha vida, uma perda irreparável", afirmou o amigo Matheus Torres, um dos muitos que prestaram homenagens a Jean. Ele completou dizendo que vai amá-lo para sempre e ajudar a cuidar das crianças.
Renato Benjamin, outro primo da vítima, pediu que as pessoas orem por todos nesse momento de extrema dor.
Jean transportava carga de uma empresa estrangeira de navegação. De acordo com relatos nas redes sociais, o condutor é morador de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, mas estava levando uma carga de Resende, no Sul Fluminense, para o porto Rio. Enquanto o veículo ainda não era retirado da via, pessoas invadiram a cabine e furtaram peças.
Segundo a Polícia Militar, agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) estavam em patrulhamento quando foram acionados para verificar ocorrência na pista sentido Centro da Avenida Brasil. No local, o caminhão já estava colidido na mureta divisória da via e uma equipe do Corpo de Bombeiros que também havia sido acionada. Não houve prisões ou apreensões.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os militares foram acionados às 5h31, mas ao chegarem, Jean estava caído no chão, distante do veículo e já sem vida. O caminhão que ele dirigia ficou na via até por volta de 12h. Relatos de testemunhas afirmaram que a carreta ficou com várias perfurações por conta dos tiros e a lateral do veículo com marcas de sangue.
Durante a tarde, alguns colegas caminhoneiros de Jean Lucas fizeram um protesto próximo ao local. A concentração para a manifestação da categoria acontece no Mercado São Sebastião, no bairro da Penha, também na Zona Norte. Motoristas de caminhão seguiram buzinando pela Avenida Brasil, com faixas penduradas nos veículos com o nome da vítima. "Paz. Jean. Saudades", pedia uma delas. "Descanse em paz, Jean Lucas", dizia outra.
A investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Agentes realizam diligências para identificar a autoria do crime.
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