Rio - A Secretaria de Estado de Saúde (SES) registrou, nesta sexta-feira (28), dois novos casos de varíola dos macacos (monkeypox) no estado do Rio, um no Norte Fluminense e um na Região Metropolitana I, totalizando 1.220 pacientes infectados. Enquanto outros 136 casos são tratados como prováveis. Até o momento, três óbitos foram contabilizados, sendo o primeiro em Campos do Goytacazes, em agosto; o segundo, em Mesquita, em outubro; e o terceiro, também em outubro, em São João de Meriti.
No estado, 2.557 casos foram descartados e 4.346 notificados. As cinco pessoas em tratamento com Tecovirimat estão com o procedimento concluído. Os dados são do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (CIEVS-RJ).
Com a atualização desta sexta-feira (28), a Região Metropolitana I totaliza 1.030 pacientes infectados, a Região Metropolitana II 129, a Baixada Litorânea 15, Médio Paraíba 11, Região Serrana 7, Norte Fluminense 5, Baía de Ilha Grande 3, Noroeste do Estado do Rio 2, Centro Sul 1, e não informados 17.
Do total de pacientes infectados pela doença, 1.126 são homens, correspondendo a 92,3%. Além disso, são 855 casos em pessoas entre 20 e 39 anos. A principal forma de contágio da doença permanece o contato sexual. Sintomas de suor e calafrios são os principais descritos pelos pacientes, seguidos de fotossensibilidade e erupção cutânea.
Importância da prevenção contra a varíola
Os frequentes registros de novos casos por varíola dos macacos no estado alertam para a importância da prevenção contra a doença através de campanhas e imunizantes.
O infectologista da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), José Pozza, acredita que as campanhas de prevenção não estão sendo eficazes e aponta a baixa letalidade como um dos motivos.
"A única coisa que acredito que ainda falta é uma campanha educativa, feita de uma forma que a gente consiga observar e informar melhor as pessoas das formas de contágio, das formas de proteção. A gente não tem visto a realização dessas campanhas, apesar de ter sido uma nova doença de disseminação mundial. Como tem uma letalidade muito baixa, infelizmente as medidas informativas e as medidas de controle ficaram meio aquém do que deveriam", lamenta.
Para ele, a população sempre deveria estar atenta a doenças infecciosas, mesmo que apresentem baixo risco, mas Pozza ressaltou que não há motivo para pânico. "Apesar da monkeypox ser uma doença em que a gente tem observado uma mortalidade muito baixa, algumas pessoas com problema de imunidade desenvolvem quadros graves com encefalite, com pneumonia viral ou até lesões cutâneas bem disseminadas e em extensão, causando, às vezes, ruptura de pele com infecção bacteriana secundária".
Para a infectologista consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Tânia Vergara, a imunização por meio da vacina se mostrou ser mais necessária após mais uma morte.
"O que precisamos é de vacina para que possamos proteger, pelo menos, as pessoas mais vulneráveis a adquirir doença. Também precisamos ter disponível a medicação específica (Tecovirimat) para os casos mais graves. A população precisa saber que temos circulando monkeypox no nosso meio e que esta doença é transmitida por contato. Qualquer pessoa que tenha contato com alguém com monkeypox pode se infectar", disse.
Segundo ela, há centenas de pessoas na fila aguardando a imunização em todos o país. "A principal medida de prevenção é a vacina e porque ainda não a temos, não estamos com a prevenção adequada. Precisamos dela. Essa falta de vacina é uma situação de risco para todos, inclusive para os profissionais de saúde que recebem estes pacientes. Além dessa medida, o necessário é evitar contato com pessoas sob suspeita ou com diagnóstico de monkeypox.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.