'Estou estarrecido com a decisão', disse Leniel Borel sobre absolviçõesArquivo pessoal

Rio - O pai de Henry Borel, Leniel Borel, criticou a decisão que absolveu Monique Medeiros do crime de tortura pela morte do menino de 4 anos. A mãe da criança e o ex-namorado, Jairo Souza Santos Júnior, também deixaram de ser acusados por fraude processual e, no curso do processo, já havia ocorrido a absolvição de Jairinho por coação. A pronúncia da juíza Elizabeth Machado Louro é a mesma que determinou que o ex-casal vá a júri popular, na terça-feira (1º).

Para Leniel Borel, Monique não deveria ter sido absolvida, já que não teria defendido Henry das agressões de Jairinho. O pai de Henry lembrou da ocasião em que a mãe não deixou um salão de beleza, mesmo tendo recebido vídeos do filho machucado, depois dos ataques do ex-namorado. Segundo ele, há ainda provas que demonstram que ambos cometeram os crimes dos quais foram absolvidos e, por isso, vai recorrer da decisão. 

"Não paro de chorar desde ontem, estou estarrecido com a decisão. Apesar de a gente estar há um ano e oito meses lutando pela pronúncia de ambos, nós lutávamos pela pronúncia com todos os quesitos da denúncia. Entendemos, durante todo o decorrer do processo, que tem toda a materialidade, todas as provas sobre a denúncia. (...) Nós vamos recorrer sobre essa decisão, vou pedir aos desembargadores que nos apoiem, mantenham a denúncia com todos os quesitos que foram apresentados. É uma decisão, no nosso entendimento, que está muito incoerente", afirmou Leniel.
A decisão da juíza ainda manteve a prisão preventiva de Jairo e deu o direito de Monique aguardar o julgamento em liberdade, que terá que entregar o passaporte à Justiça. A mãe de Henry chegou a ser presa pela morte do filho, mas deixou a prisão em agosto deste ano. Leniel afirmou ainda que ao final do júri popular, espera que o recurso seja aceito e que ambos sejam julgados por todos os crimes apresentados na denúncia. 
"Fico feliz, sim, pela pronúncia, nós lutamos pela pronúncia, há um ano e oito meses que a gente pede, o sistema mais justo desse país é o júri. Estamos falando de um crime contra a vida, então, todos esses crimes são competência do júri, então, deixa os jurados julgarem, faça de acordo com a lei. Depois que os jurados decidirem, dê a pena, não faça o julgo de valor antes do tempo", completou o pai de Henry.
Defesa de Jairinho diz que juíza é suspeita
Em fevereiro deste ano, a defesa do ex-vereador Jairo Souza Silva Júnior, pediu o afastamento da juíza Elizabeth Machado Louro do julgamento do caso. Os advogados alegaram que havia indícios de imparcialidade da magistrada, citando a presença dela no lançamento do livro "Caso Henry - morte anunciada", declarações à imprensa e fotos em manifestações no Fórum. O pedido acabou sendo negado. 
Agora, com a decisão para que Jairinho e Monique sejam julgados pelo Tribunal do Júri, o advogado Cláudio Dalledone declarou que a determinação foi proferida por uma "juíza suspeita" e que vai "combater" a magistrada na Justiça. "Uma decisão proferida por uma juíza suspeita, que não reflete com a realidade dos fatos, e que será combatida nos tribunais superiores", disse ele. 
Relembre o caso
Henry Borel, de 4 anos, foi levado para um hospital da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na madrugada de 8 de março de 2021. O menino chegou à unidade de saúde com manchas roxas em várias partes do corpo e o laudo da perícia apontou que a morte dele foi provocada por laceração hepática. O caso foi investigado pela 16ª DP (Barra da Tijuca) que concluiu, em maio do mesmo ano, que Jairinho agredia o a criança. O inquérito também revelou que Monique sabia que o filho vinha sendo vítima do padrasto, mas se omitia. O ex-vereador e a mãe da criança foram indiciados por homicídio duplamente qualificado. Jairinho foi denunciado ainda por tortura e Monique por omissão quanto à tortura.