Alarme de incêndio dispara no prédio do Fórum de Niterói, onde ocorre o julgamento de Flordelis e outros quatro réus. As pessoas se retiraram das salas e foi feito uma pausa na audiênciaPedro Ivo

Rio - A juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, responsável por presidir o julgamento de Flordelis e mais quatro réus, tem dificuldades em dar andamento ao segundo dia da sessão. Por volta das 15h40 desta terça-feira (8), o alarme de incêndio do prédio onde ocorre a audiência, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, disparou e todos os presentes tiveram que sair da sala. Também foi necessário dar a segunda pausa do dia para que as atividades fossem normalizadas. A primeira aconteceu pouco antes de o alarme disparar. 
No momento do disparo do sistema, o pastor Alexsander Felipe Matos Mendes, o Luan, era ouvido pelo Tribunal do Júri. Ele falava sobre uma gravação supostamente feita por Lorraine, neta de Flordelis, no início desse ano, em que ela tenta falar com ele sobre a morte do pastor. A reprodução do áudio também atrasou a fala da testemunha devido a problemas técnicos. Alexsander iniciou o depoimento por videoconferência às 13h20 e terminou cinco horas depois, às 18h.
Após ouvir o áudio, que trazia uma conversa sobre a condenação ou não dos responsáveis, Alexsander disse se sentir coagido pela família da ex-parlamentar. "Se ela fez isso, desculpa, mas é muito baixa. (...) Depois dessa, o que a gente vai esperar? Eu me sinto coagido e ao mesmo tempo chateado", disse.
Ainda durante o seu depoimento, a defesa de Flordelis tentava rebater as falas do pastor, em uma tentativa de humanizar a ex-deputada. Alexsander foi questionado sobre a forma como a família agregava novas crianças e como funcionava a rotina da casa. Ele, então, revelou que tudo era baseado no amor e no carinho antes de Flordelis entrar na vida política.
"A maioria das crianças vinham pedindo ajuda. Pessoas que não podiam se cuidar. Lá atrás não tinha nada, todos se amavam, todos se ajudavam. Isso quando não tinha condição financeira. A gente trocava as crianças e não tinha fralda descartável, porque não tinha dinheiro e era caro. Nessa época, o que movia esse trabalho era o carinho".
Ao fim do depoimento, o advogado da família do pastor Anderson, Ângelo Máximo pediu que o áudio apresentado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) seja apresentado à Polícia Civil. Antes de ter seu microfone cortado, Alexsander também fez um pedido por justiça: "Que a Justiça seja feita no céu e na terra". Antes de iniciar o depoimento, o pastor alegou que não queria ser ouvido na presença dos réus, pois tem sentimentos e não sabe como seria a reação. Todos os cinco são julgados pela morte do pastor Anderson do Carmo.
A primeira testemunha de acusação do segundo dia foi o inspetor da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), Tiago Vaz de Souza, que atuou nas investigações quando o delegado Allan Duarte assumiu o caso. O depoimento dele começou com uma hora e meia de atraso, por volta das 10h30, desta terça-feira (8). Isso porque um dos acusados, André Luiz de Oliveiro, filho afetivo da pastora, não havia sido listado e precisou ser buscado na penitenciária para início da sessão.
Durante a audiência, Flordelis e os réus estão com as mesmas roupas de ontem, blusa branca e calça jeans. Eles estão, a maior parte do tempo, de cabeça baixa.
Acusações

Flordelis é acusada de ser a mandante do crime e poderá responder por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Já a filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, e os filhos adotivos Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira poderão responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Enquanto, a neta Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.