Cláudia Lobo Pinheiro, de 54 anos, morta em tentativa de assalto, foi sepultada no Cemitério de Irajá Cléber Mendes / Agência O Dia

Rio –"Muito extrovertida, muito família", desabafou Alexandre Ramos, de 49 anos, sobre a amiga de infância Cláudia Lobo Pinheiro, de 54 anos, morta durante uma tentativa de assalto na Vila da Penha, Zona Norte. Além de Ramos, outros amigos e familiares foram ao Cemitério de Irajá, na tarde desta quarta-feira (9), prestar suas últimas homenagens à vítima. Cláudia deixa um filho, Leonardo Pinheiro, de 26 anos.

"Uma garota trabalhadora, tranquila, divertida, amável". Elogios por parte de Ramos não faltam à Cláudia, que, segundo o segurança, viveu uma vida sofrida. Ainda jovem, Cláudia e o irmão perderam a mãe e foram criados pela irmã mais velha. Apesar disso, o amigo de infância nunca a viu abatida: "Ela vivia a vida, era muito alegre".


Para Ramos, que recebeu a notícia pelas redes sociais, a sensação é de impotência. "Foi muito triste. Até quando vamos ficar reféns dessa bandidagem e nada vai ser feito? Daqui a pouco vai virar estatística, mais uma como muitos, e quem sofre é a família e os amigos", lamentou.
A tragédia aconteceu em um momento de expectativa. Cláudia era corretora de seguros e estava para ser promovida, de acordo com o primo Roberto Luis Nanni, de 63 anos. O filho Leonardo ia fazer um curso de corretagem para se especializar e começar a trabalhar junto com a mãe. "O dono ia deixar tudo na mão dela. O filho seria o braço direito dela na firma", explicou o técnico em radiologia, que precisou ser hospitalizado quando recebeu a notícia da morte da prima.

"Somos uma família. Ela era muito alegre, sempre gostou de pegar sol, ir à praia. Fazíamos churrasquinho na minha casa, às vezes. Era uma pessoa muito querida. Recebi a notícia com um baque", afirmou Nanni.
Em março, Cláudia teve o carro roubado e ficou traumatizada. Desde então, passou a voltar do trabalho de carona com o chefe, para não ter que dirigir mais. Na segunda-feira (7), a corretora foi atingida ao tentar fugir após ter sido abordada por criminosos: "eles [Cláudia e o chefe] faziam esse trajeto há mais de um ano. Era sempre no mesmo horário, mesmo trajeto. Foi uma fatalidade", disse a amiga Rachel Ormonde, que trabalhou com Cláudia durante quatro anos.

Mesmo com a dor, as lembranças que ficam para Rachel são belas e alegres. "Ela impulsionava todo mundo no trabalho, todo mundo gostava muito dela. Ela era considerada a 'Mamuska' porque ela era a mais velha, porém a mais alegre", explicou Rachel, fazendo referência à personagem da novela da Rede Globo 'Da cor do pecado' (2004). "Ela guerreava e é assim que a gente vai lembrar dela para sempre", finalizou.