27 Parada do Orgulho LGBT+, na Praia de Copacabana.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Para o presidente do Grupo Arco-Íris e Coordenador Geral da Parada do Orgulho LGBTQIAP+ Rio 2022, Cláudio Nascimento, o evento foi de reconhecimento, devido o aumento do discurso de ódio em parte da sociedade contra a comunidade.
"Essa é a parada do renascimento após um período de dor e perdas em razão da covid-19 e, especialmente, pelo aumento do discurso de ódio em parte da sociedade contra nossa comunidade LGBTQIAP+. Do nosso renascimento como cidadãos de direitos. Sabemos que retomar o caminho para o respeito às nossas identidades exigirá coragem para romper com os últimos anos de conservadorismo e com a tentativa de fazer o ódio imperar. Somos sempre pelo afeto e pelo diálogo. Porque, no final, o amor venceu e sempre vencerá", afirmou Cláudio.
Para Carlos Tufvesson, da Coordenadoria Executiva de Diversidade Sexual (CEDS), esta edição foi especialmente importante, e marca uma retomada de ações importantes para pessoas LGBTQIAP+. "Este ano conseguimos já retomar a nossa campanha de prevenção durante o Carnaval e, ao longo do ano, viemos desenvolvendo vários projetos, como cursos profissionalizantes através de parcerias, formação educacional com a Secretaria de Educação, campanhas de combate ao preconceito, dentre outras ações".
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se declaram lésbicas, gays ou bissexuais.
Entre os meses janeiro e junho deste ano, o Brasil já registrou 135 mortes de pessoas LGBTQIAP+, segundo a pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB). Apesar do número apresentar uma queda, em comparação ao mesmo período do ano passado, onde foram registradas 168 mortes, o país segue sendo conhecido como o país que mais mata pessoas da comunidade.
A marcha visou aliar festa e exaltação às liberdades individuais à conscientização para um país livre da LGBTIfobia e com justiça social. Nesse sentido, o evento reuniu diferentes grupos discriminados, dentre elas, pessoas LGBTQIAP+, negras, mulheres, povos originários e outros, com o objetivo de reforçar que a luta por um Brasil igualitário e de todos nós. Neste ano a parada contou com a retomada do patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Para demarcar as reivindicações da comunidade LGBTQIAP+, durante a parada, foi lida aa carta "Por Um Brasil sem LGBTIfobia", endereçada ao futuro presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, com propostas de políticas públicas nos campos da segurança, saúde, educação, trabalho e renda, cultura, esporte e lazer, turismo, assistência social e direitos humanos.
A orla de Copacabana foi preenchida com a nova bandeira do movimento, inédita no país. Com 124 metros, ela traz também as cores que representam a luta antirracista, a bandeira do movimento trans e de pessoas intersexo. Além da bandeira, adentrando ao clima de copa do mundo, a CBF, uma das patrocinadoras da Parada, levou uma camisa gigante da seleção brasileira, com dez metros de comprimento com o número 24 estampado na camisa amarela e uma faixa de capitão nas cores do arco-íris em uma das mangas.
Este ano, a parada contou com o apoio das secretarias garantir a infraestrutura no local. Distribuindo preservativos, informativos e promover campanhas de combate à discriminação e de prevenção à transmissão de Infeções sexualmente transmissíveis (ISTs). Durante o evento, o público teve o perfil traçado pela Riotur, em parceria com a Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual (CEDs), depois de 6 anos sem um levantamento do tipo. Uma equipe formada por 20 pesquisadores e um supervisor esteve na área de concentração do evento, no Posto 5, para a realização de 500 entrevistas.
A Coordenadoria de Diversidade Sexual (CEDS) esteve no local com uma tenda na Praia de Copacabana prestando atendimento e esclarecimentos sobre assuntos relacionados ao tema, que podem ir desde orientações sobre atendimento jurídico e psicossocial até distribuição de informativos sobre campanhas de combate à discriminação. Já a Secretaria de Saúde (SMS) forneceu informação sobre PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) e distribuiu preservativos, além de materiais, alertando sobre os riscos do tabagismo e infecções sexualmente transmissíveis.
A operação especial da Secretaria de Ordem Pública (Seop) e da Guarda Municipal do Rio (GM-Rio) contou com emprego de 392 agentes, sendo 334 guardas municipais e 58 fiscais da secretaria. As equipes atuaram no ordenamento urbano e do trânsito, visando promover um ambiente seguro para a manifestação.
Já a Polícia Militar elaborou um planejamento de segurança pública especial. Além da Operação Verão, que reforça o policiamento na orla carioca e cidades litorâneas do estado, cerca de 500 policiais militares foram mobilizados para atuar antes, durante e depois da parada. O patrulhamento da orla, contou com apoio de aeronaves do Grupamento Aeromóvel (GAM), equipadas com imageador térmico para transmissão de imagens em tempo real para a central de comando.
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