Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagrou, na manhã desta terça-feira (29), a Operação Fim da Linha contra a máfia do jogo do bicho. O principal objetivo da ação era prender Bernardo Bello, apontado como um dos chefes da contravenção. Os agentes cumpriram 10 dos 26 mandados de prisão. No entanto, Bello não foi encontrado.
A ação foi realizada pelo Gaeco, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado, com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), do Grupo Especial de Investigações Sensíveis, Gise, da Polícia Federal, e do Gaeco de Santa Catarina.
A ação teve como objetivo cumprir 26 mandados de prisão e 57 de busca e apreensão contra integrantes de organizações criminosas que praticam crimes de corrupção e lavagem de dinheiro obtido com a exploração de jogos de azar. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
A investigação foi instaurada para apurar, inicialmente, crimes praticados por contraventores que exploram jogos de azar, após notícia crime sobre bingo clandestino que funcionaria em Copacabana com a permissão de policiais militares.
No curso dos trabalhos, foi identificado o responsável por confeccionar as cartelas para diversos estabelecimentos ilegais explorados por várias organizações criminosas no Rio de Janeiro, inclusive o bingo de Copacabana. Essas organizações, para viabilizar, potencializar e assegurar as vantagens financeiras, utilizam de diferentes modos de fraudar os resultados dos jogos, corrompiam agentes públicos e valiam-se de violência para a conquista de território.
No curso da investigação foram identificados três núcleos de organização criminosa (Olímpico; Cascadura e Saens Pena), permitindo-se o oferecimento de três denúncias.
Assim, foram denunciados, os seguintes integrantes do núcleo Olímpico: Bernardo Bello Pimentel Barbosa (vulgo “Play”, “Garoto”, “Bernar” ou apenas “Bernardo"); Marco Antonio Figueiredo Martins (“Marquinho” ou “Marquinho Catiri”, em denúncia oferecida antes do seu homicídio), Paulo Roberto Alves Matos (“Paulinho” ou “Coroa”); Altamir Senna Oliveira Junior (“Mizinho”); Mauricio Boechat Zwirman (“Patrão”); Fabio Dias Ferreira Coelho (“Fabio Passarinho” ou “Fabio”); Claudio Braga Elias Jorge (“Kaka”); Thiago Peixoto Valença; Karla Adriana Brandão de Lima (“Karlona”); Carla de Paiva Sousa (“Carlinha”); Roberto Oliveira de Faria Junior (“Betinho”) e Talles Xavier.
Do núcleo Cascadura foram denunciados: Marcelo Simões Mesqueu (conhecido também como “Cupim” ou “Inseto”); Adriano Maciel De Souza (“Chuca”); Carlos Roberto Nassar Junior (“Barba”, “Junior” ou “Nassar”); Rui Pedro Maia Ventura Fragoso (“Fragoso” ou “Pedro”); Jose Carlos de Jesus Ennes (“Carlinhos” ou “Carlinhos Cascadura”); Marco Aurélio da Costa Scalercio (também PM, “Marquinho” ou “Scalercio”); Rodrigo Cardoso da Silva Alves (PM, vulgo “Cardoso”); Denildes Abreu Palhano; Alan Pagio Catrinck Dalbó; David Oliveira de Assis e Alexandre Ribeiro da Silva (PM, conhecido como “Ribeiro”).
Na casa deste último, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, o MPRJ encontrou R$ 435 mil e 1.670 euros (cerca de R$ 9 mil) em espécie.
Por fim, foram denunciados no núcleo Saeñs Pena: Marcos Costa Guimarães (“Marcão”); Julio Cesar Blaso da Costa (“Julinho”); Ruy de Oliveira Filho; Flavio Teixeira Oliveira (“Flavinho”); Alexandre Cavalcante Ferreira; Leonardo Lopes Daiha (“Leo”); Marcio Leite de Castro; Danubia Cristina Rodrigues de Melo; Gustavo Leonardo da Silva Figueiredo; Sergio da Costa Alvaro (“Sergio Pastor”); Talles Xavier; Julio Cesar Moraes dos Santos; e Alan Pagio Catrinck Dalbó.
O Gaeco identificou, ainda, a prática de corrupção sistêmica de Batalhões da Polícia Militar, razão pela qual, além de denunciar três PMs, foi realizada busca e apreensão nas residências de outros dois (Fernando Nepomuceno da Silva e Luiz Henrique dos Santos) e quatro oficiais da Polícia Militar, a saber: Major Rodrigo Fernandes Queiros; Major Romulo Oliveira André; Ten. Cel. Alexandre Gualberto da Silva, e o ex-secretário de Estado da Polícia Militar, Cel. Rogério Figueiredo de Lacerda.
Na parte da tarde, os agentes apreenderam 64 monitores (bingo de cartela) do Bingo Olímpico, em Copacabana; 120 máquinas caça-níqueis do Bingo Maxwell, em Vila Isabel; 76 máquinas caça-níqueis do Bingo Bonsucesso, localizado na Avenida Paris do bairro; 108 máquinas caça-níqueis do Bingo Centro, na Avenida Rio Branco; e 76 máquinas caça-níqueis no Bingo Valadão, em Copacabana.
A prisão, à época, foi realizada pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco/MPRJ), pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e pela Interpol brasileira e colombiana, cumprindo uma decisão da juíza Tula Mello, do I Tribunal do Júri da Capital.
De acordo com o MPRJ, o homicídio foi praticado por motivo torpe, com a intenção de eliminar o concorrente do domínio dos pontos de contravenção do jogo do bicho e exploração de máquinas caça-níqueis na Zona Sul e em parte da Zona Norte do Rio.
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