Maxwell Correa está preso por envolvimento com quadrilha especializada no jogo do bichoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - O juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Comarca da Capital, aceitou, na última terça-feira (24), um pedido da defesa do ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa para substituir a sua prisão preventiva em domiciliar, por 30 dias, com uso de tornozeleira eletrônica. O homem está preso desde maio de 2022 por causa da Operação Calígula, que investigou uma quadrilha relacionada ao jogo do bicho. Ele também já foi condenado por envolvimento na morte de Marielle Franco.
A defesa do réu pediu a substituição do modelo de prisão alegando que Maxwell precisa de uma cirurgia para retirada de pedra na vesícula, chamada de colecistectomia. De acordo com os advogados que representam o ex-sargento, seu quadro de saúde vem piorando na prisão. 
Rulière informou que foi constatado a impossibilidade de realizar o exame no sistema prisional. Por isso, ele aceitou a prisão domiciliar, de forma temporária, por 30 dias, para realização do tratamento de forma particular. 
"Com efeito, em que pese não haver notícia de urgência na realização de tal procedimento, a hipótese, no mínimo, denota sensibilidade do caso e aparente gravidade, a justificar providências visando a continuidade do tratamento de forma ininterrupta. Assim, os dados produzidos conferem, em sede de cognição superficial, probabilidade das alegações defensivas acerca do estado de saúde do réu, atrelado às dificuldades acentuadas de tratamento de saúde no sistema prisional", diz o juiz na sua decisão.
Nesse tempo, Maxwell terá que cumprir medidas cautelares como proibição de contato com demais acusados da Operação Calígula, proibição de acesso à internet e redes sociais, manter o monitoramento eletrônico e realizar apenas saídas para tratamento de saúde, inclusive de internação, com comprovação.
"O réu deverá se submeter de imediato ao tratamento médico necessários, sendo certo que, caso evidenciado desídia do acusado na realização do tratamento, isso importará em restabelecimento do decreto prisional preventivo. O réu deverá apresentar, antes do término do prazo de 30 (trinta) dias, comprovação do tratamento médico realizado, bem como laudo médico esclarecendo seu atual estado de saúde", completou.
Envolvimento na morte de Marielle Franco
Maxwell foi condenado em 2021 por obstruir as investigações das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. No entanto, na sentença proferida pela 19ª Vara Criminal, ele foi autorizado a cumprir a pena em regime aberto, com prestação de serviços à comunidade. Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), o bombeiro foi alvo de mandado de prisão "por atrapalhar de maneira deliberada" as investigações.
O ex-sargento já foi alvo de pelo menos três operações do MPRJ. Em março de 2019, durante a Operação Lume, agentes da Polícia Civil e do MPRJ foram até a casa do bombeiro, em um condomínio de luxo, no Recreio dos Bandeirantes, e apreenderam documentos que pudessem ter ligação com a morte de Marielle Franco. Suel, como também é conhecido, foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), mas não chegou a ser preso.
Em junho de 2020, o militar foi alvo da Operação Submersus 2, que investigou o sumiço de armas do policial militar reformado Ronnie Lessa. Maxwell foi localizado no mesmo endereço e preso, suspeito de ter participado do sumiço das armas que podem ter sido usadas na morte da parlamentar.
De acordo com as investigações, no dia 13 de março de 2019, um dia após as prisões dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, denunciados como autores dos crimes, Maxwell, junto com Elaine Pereira Figueiredo Lessa, esposa de Ronnie, Bruno Pereira Figueiredo, cunhado de Ronnie, José Marcio Mantovano e Josinaldo Lucas Freitas, presos durante a operação Submersus, ajudou a ocultar armas de fogo de uso restrito e acessórios pertencentes a Ronnie, que estavam armazenados em um apartamento no bairro do Pechincha utilizado pelo ex-policial, bem como em locais ainda desconhecidos.
O papel de Maxwell para obstruir as investigações foi ceder o veículo utilizado para guardar o vasto arsenal bélico pertencente a Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto mar.