Homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) ocupam o Morro do Banco, no Itanhangá, durante operação nesta quinta-feira (26)Divulgação / PMERJ

Rio - O homem apontado como um dos líderes do tráfico de drogas do Morro do Banco, no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, que foi preso nesta quinta-feira (26) durante operação na comunidade, tinha mandado de prisão preventiva em aberto por crimes de homicídio, tráfico e associação ao tráfico de drogas.
Segundo a Polícia Militar, o suspeito, identificado apenas como Michel, foi detido por policiais do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) na Estrada do Itajuru. Ele foi encaminhado para a 16ª DP (Barra da Tijuca), onde os crimes foram constatados.
A comunidade é um ponto chave na disputa territorial entre milicianos e traficantes, que vem acontecendo há pelo menos duas semanas, devido ao morro estar localizado praticamente no meio do caminho entre a Rocinha, dominada pelo Comando Vermelho (CV) e o Rio das Pedras, controlado pela milícia.
Por isso, policiais do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) realizam uma operação pelo segundo dia consecutivo na comunidade. Nesta quarta-feira (25), um outro homem, que não teve a identidade revelada, também foi preso com mandado de prisão em aberto por homicídio e associação para o tráfico. Uma pistola e um carregador foram apreendidos junto com ele.
A Polícia Militar também ocupa a Cidade de Deus e a Gardênia Azul nesta quinta-feira (26). A região está sendo palco de uma guerra sem precedentes entre traficantes e milicianos, que disputam o controle dos territórios.
Na Cidade de Deus, policiais do 18º BPM (Jacarepaguá), agentes de outros batalhões subordinados ao 2º Comando de Policiamento de Área (Zona Norte e Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do Bope, realizam buscas pela comunidade e reforçam o policiamento da região. 
Até o momento, dois criminosos foram presos e houve apreensão de uma pistola, três carregadores, munições, quatro veículos (dois carros e duas motocicletas) e drogas a serem contabilizadas. Imagens divulgadas pela PM mostram entorpecentes encontrados pelo Bope em tonéis que estavam submersos em uma área pantanosa da comunidade. Cerca de 10 toneladas de barricadas também foram retiradas de vias públicas.
Já na Gardênia Azul, que viveu momentos de terror na segunda-feira (23), não há registros de prisões. Policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) estão atuando no bairro e reforçando o policiamento.
Entenda a situação da Zona Oeste
A Gardênia, assim como a Muzema, em Itanhangá, e Rio das Pedras, também na Zona Oeste, sofreu forte influência de milicianos nos últimos anos. Com a suposta invasão, o tráfico, comandado por Edgar Alves de Andrade, também conhecido como Doca e Urso, um dos líderes da facção atuante na Penha, na Zona Norte, teria tomado conta de comunidades dentro da Gardênia e expandido pontos de venda de drogas pela região.
Na última segunda-feira (23), internautas relataram a presença de traficantes do CV no bairro, que fica localizado na Grande Jacarepaguá. Inclusive, houve uma suposta mensagem ordenando que os moradores deveriam atender as determinações do tráfico.
"Senhores moradores, está proibido o uso de capacetes, ao adentrar na comunidade liguem a luz do salão, o pisca alerta e mantenham os vidros abertos. Att, Comando Vermelho", diz o aviso.
Já os moradores da Cidade de Deus viveram momentos de tensão na terça-feira (24) com troca de tiros entre policiais militares e criminosos. Em um momento do dia, a Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, uma das principais vias de acesso a comunidade, chegou a ficar interditada. A suspeita é que traficantes da Cidade de Deus, ordenados por Urso, teriam sido os responsáveis pela invasão na Gardênia Azul.
A tensão também atingiu os moradores do Morro da Chacrinha, na Praça Seca. Em gravações, supostos integrantes do CV gritam o nome de Urso, enquanto passam por ruas da Chacrinha, durante a noite de terça-feira (23) e madrugada de quarta-feira (24). Moradores relataram nas redes sociais que a milícia da região impôs toque de recolher. Criminosos também teriam ordenado que os comércios da região fechem as portas.