Rio - O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou, nesta quinta-feira (1), que a Procuradoria Geral do Município (PGM) entrará com uma medida judicial contra a Light para garantir o fornecimento de energia em toda a cidade do Rio. O pedido aconteceu após moradores da Ilha do Governador, na Zona Norte, voltarem a sofrer com um novo apagão, um problema que vem ocorrendo durante todo o mês.
Nas redes sociais, Paes citou a falta de energia na Ilha e destacou que diálogo tem limites. Considerando a região e diferentes bairros da cidade que também sofrem com o problema corriqueiramente, a medida serviria para garantir judicialmente a energia aos cariocas.
"Hoje mais uma vez a Ilha do Governador sofre com um apagão completo! Até diálogo tem limite. Determinei a procuradoria do município que entre com medida judicial contra a Light para garantir o fornecimento de energia na cidade do Rio", escreveu.
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Na tarde desta quinta-feira (1º), moradores da Ilha voltaram a sofrer com um apagão geral. A falta de energia prejudicou até o trânsito de veículos, pois os sinais ficaram apagados. Equipes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da guardas municipais atuaram nos principais cruzamentos da região para auxiliar os motoristas e pedestres.
A falta de energia era esperada em alguns bairros da Ilha, como Jardim Guanabara, Portuguesa e Galeão, devido a uma manutenção programada das 8h às 18h, assim como aconteceu nesta quarta-feira (31). Contudo, outras regiões também ficaram sem energia nesta quinta, gerando incômodos a moradores.
De acordo com o Subprefeito da Ilha, Rodrigo Toledo, o motivo do apagão foi um problema na subestação da Light. "Eles tem uma subestação que fica ao lado da estação do BRT e todas as equipes que estavam na manutenção foram até lá para resolver esse problema o quanto o antes. E eu estou na rua auxiliando na operação do trânsito e nos cruzamentos mais críticos", disse.
O advogado Thiago Montenegro, de 39 anos, morador da Rua Aylton Vasconcelos, no Jardim Guanabara, contou, ao DIA, que tem duas filhas pequenas e que a falta de energia frequente tem causado grandes transtornos. O homem disse ainda que os moradores têm ficado extremamente vulneráveis com a falta de luz.
"É muito ruim, principalmente quando crianças residem naquela região. Penso que a ausência de energia elétrica por parte da concessionária subtrai a liberdade individual, afinal de contas, poucas coisas podem ser realizadas sem o respectivo serviço", frisou.
Por fim, o advogado comentou também que, com as quedas frequentes de energia, perdeu alguns produtos do gênero alimentício, mais precisamente, leites e derivados, itens que fazem parte da rotina das suas filhas.
O que diz a Light
Sobre a postagem do prefeito, a Light informou que não irá comentar. A empresa disse que segue com seu trabalho de recuperação e renovação do sistema de fornecimento de energia elétrica da Ilha do Governador.
A concessionária destacou que serviços essenciais, como unidades de saúde e segurança, e pacientes dependentes de equipamentos vitais, cadastrados na rede da Light, estão sendo mantidos por meio de 70 geradores já instalados na Ilha.
Para melhorar a qualidade do fornecimento de energia, a Light disse que está finalizando a construção de três novos circuitos de distribuição. Dentro deste escopo, a concessionária já instalou 94 dos cerca de 100 postes previstos para a região e construiu 33km de rede elétrica de um total de 50 km de cabos de energia.
"Eu fiquei extremamente estressada, fiquei sem comer o dia inteiro. O meu emocional foi para o lixo. Essa sorveteria é o meu ganha pão e do meu sócio, que também é meu marido. O pior é não ter apoio, as empresas não estão nem aí para a gente. A Light não estava nem aí para mim, não anotou meu telefone e não resolveu nada", comentou a dona da sorveteria Trilhas da Amazônia, Naiara Pessôa.
A empresária contabilizou cerca de R$ 80 mil de prejuízos financeiros, entre produtos refrigerados perdidos, diária de trabalho de funcionários, as vendas do domingo e também o valor da contratação de um gerador. Segundo Naiara, a situação ficou ainda mais complicada pela falta de informações por parte do atendimento da empresa de energia.
"Nossa funcionária chegou na loja, não conseguiu abrir o portão e ficou sabendo que tinha faltado a energia. Logo que soube, liguei para a Light para saber o que estava acontecendo e ninguém sabia explicar. O recado deles sempre era: 'Estamos verificando, estamos vendo, entendendo e analisando'.", relembrou.
A dona da sorveteria, que fica na Rua Santa Clara, conta que só conseguiu entrar na própria loja para avaliar o prejuízo por volta das 21h. Como o portão da loja era elétrico, a falta de energia impedia o acesso ao interior do estabelecimento.
Segundo a Light, a falta de energia que atingiu quase 15 mil pessoas foi causada pelo furto de cabos na rede subterrânea. A prática criminosa fez com que a energia demandada provocasse o superaquecimento, ocasionando as falhas no sistema elétrico.
A empresa informou que normalizou o fornecimento de energia em Copacabana no domingo (28) às 19h45. Para o restabelecimento do serviço, a empresa precisou realizar uma intervenção de grande porte, mobilizando 22 equipes em campo, além de outros profissionais. Apenas um condomínio teria permanecido sem energia após esse horário porque o transformador que atende ao endereço queimou.
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