Posse de Chiquinho Brazão na secretaria de Ação Comunitária em outubro do ano passado Reprodução / Redes Sociais
Paes afirma que errou ao nomear Chiquinho Brazão como secretário
'Queremos alianças, mas alianças precisam ter um limite', disse prefeito; deputado, preso por envolvimento na morte de Marielle, liderou pasta da Ação Comunitária até fevereiro deste ano
Rio - O prefeito Eduardo Paes afirmou neste sábado (30) que foi um erro nomear o deputado federal Chiquinho Brazão como secretário especial de Ação Comunitária na prefeitura do Rio. O parlamentar, preso suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, assumiu a pasta em outubro de 2023 e foi exonerado em fevereiro deste ano. Brazão deixou o cargo quando surgiram as primeiras informações de que o executor Ronnie Lessa havia firmado um acordo de delação premiada.
"Foi um erro da minha parte, eu errei e o mais importante quando você erra, é consertar o errado. É óbvio que posso aqui ter todas as desculpas do mundo, foram seis anos de investigação e todo mundo já tinha sido acusado de tudo, mas errei. Eu pedi que ele fosse retirado da secretaria antes, quando começaram a surgir os boatos. Nesse momento, a gente entende que o Republicanos, com os quadros que tínhamos aqui, não era adequado. Queremos alianças, mas alianças precisam ter um limite. E quando eu digo que eu errei, eu acho que fiz uma avaliação equivocada de que não teria esse risco. Problemas podem acontecer, o problema é quando acontece e você continua acobertando", afirmou o prefeito.
A declaração de Paes foi dada à imprensa no Terminal Gentileza, durante inauguração do BRT Transbrasil, que começou a circular neste sábado (30).
No último domingo (23), além de Chiquinho Brazão, seu irmão e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, também foi preso. O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, foi detido suspeito de obstruir as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Eleito deputado federal pelo Avante nas eleições 2022, Chiquinho Brazão se licenciou, em outubro do ano passado, para atuar como secretário municipal de ação comunitária no Rio. O deputado foi uma indicação política do Republicanos, partido presidido no RJ pelo prefeito Waguinho, de Belford Roxo. O arranjo político fez parte de uma articulação do prefeito Eduardo Paes para ampliar a base política com vistas às eleições municipais deste ano.
Chiquinho Brazão deixou a pasta em fevereiro deste ano, quando surgiram as primeiras informações de que o executor Ronnie Lessa havia firmado um acordo de delação premiada. Com isso, Paes teria pedido que o partido aliado Republicanos substituísse Brazão. Então, o deputado federal Ricardo Abrão assumiu o cargo. No entanto, também foi exonerado após a prisão de Chiquinho. Marli Peçanha, que era subprefeita de Jacarepaguá, foi nomeada para substitui-lo.
Além do secretário, foram exonerados o chefe de gabinete, subsecretários e o coordenador-geral. A prefeitura afirma que os nomes haviam sido indicados pelo Partido Republicanos, que deixou o governo. Apesar de estarem ligados ao União Brasil, Brazão e Abrão são considerados quadros do Republicanos e só permanecem no outro partido por questões burocráticas. O prefeito garantiu que rompeu com o Republicanos.
Uma das principais linhas de investigação sobre o caso Marielle está relacionada a uma disputa por terrenos na Zona Oeste. Em depoimento, Lessa teria informado que a vereadora virou alvo depois de defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhado por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.
O mandante do crime estaria buscando a regularização de um condomínio em Jacarepaguá sem considerar o critério de área de interesse social. O objetivo seria transformar a propriedade em especulação imobiliária. No ano do assassinato, a hipótese do crime ter acontecido por disputas de terra já era considerada, pois a investigação analisava a possibilidade de milicianos estarem incomodados com a chance de Marielle Franco atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras.
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