Polícia busca milicianos envolvidos em guerras territoriais em SeropédicaReprodução
Em Seropédica, a guerra entre grupos rivais se intensificou a partir de março deste ano após o assassinato do miliciano Ricardo Coelho da Silva, de 38 anos, conhecido como Cientista, que assumiu a liderança da milícia da região, após a morte de Tauã Oliveira, o Tubarão. Agora, quem comanda o grupo é Juninho Varão.
Cientista morreu pouco mais de um mês depois de Tubarão, dentro de uma casa de festas na Rua Ponte Nova, no Tanque, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Segundo testemunhas, homens armados e encapuzados invadiram o local e foram direto na direção da vítima.
Por seu domínio em Seropédica e em parte da Baixada, Tubarão era apontado como um dos principais rivais do grupo de Zinho, que está preso desde dezembro do ano passado após se entregar à Polícia Federal na véspera do Natal. Segundo investigações, seu sucessor é Rui Paulo Gonçalves Estevão, conhecido como Pipito.
A influência da milícia em regiões do estado do Rio é um problema antigo. O miliciano Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, morto em 2017, liderava a antiga Liga da Justiça. Em seguida, Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão, assumiu o comando e expandiu os domínios da organização fundada por Carlinhos.
Quatro anos depois, Ecko foi morto em uma operação policial e Zinho assumiu o posto de líder. No comando do grupo, ele acabou rompendo com algumas alianças antigas. Uma delas era com Danilo Dias Lima, o Tandera, considerado seu principal rival atualmente. No passado, Zinho controlava boa parte da Zona Oeste do Rio e Tandera, áreas da Baixada Fluminense. Com o rompimento da aliança, os dois passaram a travar uma guerra sangrenta por territórios.
Tubarão entra na história como integrante do grupo comandado por Zinho até dezembro de 2022. Em janeiro de 2023, os dois se tornaram inimigos. De acordo com a Polícia Civil, ele era o homem que liderava intensas guerras com a milícia rival. Tubarão também era investigado por envolvimento em ataques a motoristas de van em Campo Grande.
Com a prisão de Zinho no ano passado, seu sucessor seria seu sobrinho, Mateus da Silva Resende, conhecido como Teteu ou Faustão, mas ele foi morto durante uma operação dois meses antes do tio se entregar. Na ocasião, a morte provocou um caos na Zona Oeste, onde criminosos incendiaram 35 ônibus.
Como segundo na hierarquia, Antonio Carlos dos Santos Pinto, conhecido Pit, era esperado para assumir o posto de líder, mas foi morto pouco tempo depois da prisão de Zinho. Ele foi atingido por diversos disparos durante um confronto com criminosos rivais. Na época, ele estava dentro de um carro com o filho de 9 anos, que também não resistiu. Com isso, o comando do grupo passou para o miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito, que está foragido.
Já Juninho Varão era considerado um dos homens fortes de Danilo Dias Lima, o Tandera, mas após um golpe, passou a controlar a milícia que atua em bairros como Cabuçu, Palhada, Valverde e Grão Pará, em Nova Iguaçu. No município, ele disputa o controle de territórios com Zinho. Em maio do ano passado, ele foi alvo de uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MPRJ), mas continua foragido.
Juninho também mantinha uma aliança com o Tubarão, por isso é um dos nomes investigados como sucessor do miliciano. Os dois enfrentaram Zinho. Segundo o Ministério Público, ele tem diversas passagens por homicídio, tortura e organização criminosa, e era responsável pelo controle financeiro da quadrilha, além de participar diretamente da compra de armas e munições.
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