O enterro de Simão Rosa, 42 anos, ocorreu no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, nesta sexta (7)Reginaldo Pimenta/Agência O DIA

Rio - O motorista de aplicativo Simão Rosa Nascimento, de 42 anos, esfaqueado em uma tentativa de assalto em Campo Grande, na Zona Oeste, foi enterrado na manhã desta sexta-feira (7) no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência. Para o irmão, o taxista Raimundo Rosa Monteiro, 62 anos, a perda é irreparável e o caso foi de uma extrema covardia.
"É uma perda que não sabemos nem como recuperar. Minha mãe não conseguiu vir, passou mal várias vezes, minhas irmãs estão muito abaladas, essa violência está uma coisa fora do comum. Foi uma covardia, meu irmão era querido por todo mundo, a gente sempre ia na casa dele. Ele tem um filho maravilhoso, que está cursando Direito, eu ainda nem consegui ver meu sobrinho", lamentou.
Segundo a família, Simão teve um carro roubado há cerca de um ano e trabalhava para pagar o prejuízo após precisar comprar um novo. Apesar disso, ele não costumava dirigir a noite.
"Acho que ele só deu uma esticada porque isso foi umas 20h, porque ele trabalhava mais de dia. Ele já perdeu um carro antes, coitado, fez um sacrifício e comprou outro. Ele era tão querido, que lá mesmo foi reconhecido, porque ele desde criança trabalhava com van na região", disse.

Em relação a violência, o irmão citou que já foi assaltado cinco vezes enquanto trabalhava como taxista e que algo precisa ser feito para que casos como esse não se repitam.

"Eu mesmo já fui assaltado três vezes com faca e duas com pistola, em uma dessas eu consegui tomar faca e a polícia chegou na hora e prendeu o bandido Não sei o que está acontecendo, eu só sei que está demais. Essa semana mesmo, em frente ao meu 'barzinho', eu vi dois assaltos, levaram o carro de uma senhora e na outra vez de um rapaz, eu estava até com meu táxi e dei uma carona para ele pra até a delegacia. É uma coisa fora de lógica", disse.

Com uma família de 10 irmãos, Simão era o segundo mais novo. "Ele gostava de karaokê, minha filha e ele adoravam cantar, mesmo com a voz péssima dele, a gente tomava uma cervejinha e ele ficava cantando. Ele era muito trabalhador, não ficava parado e era um filho muito presente na vida da minha mãe, apesar de ser casado, ele vivia na casa da minha mãe, por isso que ela não conseguiu ver. Está todo mundo arrasado, é uma tristeza, está muito difícil", comentou o irmão.
Complementando Raimundo, uma prima da vítima, a enfermeira Fátima Magalhães, disse ser difícil conviver com a perda de uma pessoa querida.

"É muito difícil entender porque as pessoas fazem isso, será por ganância, por dinheiro? É muito difícil a gente que está sempre fazendo o bem ver isso, trabalho na área da saúde e estou preparada para acolher vida e não para tirar. Está todo mundo arrasado, especialmente minha tia e minha mãe, elas não vieram porque já são idosas, tem pressão alta. Ele era muito amoroso, a gente quer que a Justiça seja cumprida", reforçou.
Na ocasião do crime, na noite de quarta-feira (5), o motorista estava na Rua Iaçu, perto da rodoviária de Campo de Grande, quando foi abordado por dois suspeitos. Testemunhas alegam que ele reagiu ao assalto, mas acabou esfaqueado. Em seguida, os bandidos foram agredidos por populares e detidos até a chegada da PM, que efetuou a prisão.