PM reforça policiamento nos acessos da Vila João, no Complexo da MaréReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - O Complexo da Maré, na Zona Norte, passa pelo segundo dia consecutivo de operação policial, nesta quarta-feira (12). Equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) voltaram a atuar na região desde as primeiras horas da manhã. Até o momento, não há registro de novos confrontos, prisões ou apreensões. Na terça-feira (11), a comunidade viveu momentos de tensão, com troca de tiros e ônibus incendiado, e a ação terminou com um PM e outros quatro mortos, além de 24 criminosos presos.
A ação ainda conta com agentes do Batalhão de Ações com Cães (BAC), Grupamento Aeromóvel (GAM) e do 22° BPM (Maré) em diversos pontos das comunidades. Segundo relatos, veículos blindados foram vistos circulando pelas localidades da Baixa do Sapateiro e Morro do Timbau. Há ainda reforço no policiamento nos acessos à Vila do João. Por conta da operação, 42 escolas municipais suspenderam as atividades. Outras duas da rede estadual também foram fechadas, afetando cerca de 900 estudantes no turno da manhã.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) informou que a reitoria mantém a recomendação de que qualquer atividade avaliativa seja suspensa e que aquelas que forem realizadas, tenham a segunda chamada assegurada. As faltas de estudantes nesta quarta-feira deverão ser abonadas. "A Prefeitura Universitária está atenta e em contato com os agentes de segurança. Qualquer mudança de orientação será imediatamente informada ao corpo social da UFRJ", completou o comunicado. 
O funcionamento também segue interrompido no Centro Municipal de Saúde Vila do João e nas Clínicas da Família Adib Jatene, Augusto Boal e Jeremias Moraes da Silva. De acordo com o Rio Ônibus, a circulação dos ônibus está acontecendo normalmente na manhã desta quarta-feira. Ontem, um coletivo foi incendiado na Avenida Brasil, na altura da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e as Linhas Amarela e Vermelha também foram alvos de ataques criminosos.
Segundo a Fiocruz, nesta quarta-feira, foi adotado trabalho remoto no Campus Manguinhos-Maré. A orientação não se aplica às atividades essenciais, que não podem ser interrompidas. "O objetivo é se precaver de possíveis novos eventos de risco e preservar a segurança dos trabalhadores, estudantes e demais frequentadores do campus", informou a instituição. As equipes da Gestão de Vigilância e Segurança Patrimonial da Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic) monitoram a situação do entorno.
Operação é marcada por tensão, morte de PM e criminosos presos
A operação desta terça-feira teve como alvo uma quadrilha que atua no roubo de veículos nas principais vias expressas da cidade do Rio. Desde a madrugada e ao longo de toda o dia, moradores relataram intenso confronto nas comunidades da Vila dos Pinheiros, Vila do João, Morro do Timbau e Baixa do Sapateiro. Na troca de tiros, o sargento do Bope, Jorge Henrique Galdino Cruz, 32, foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Já o sargento Rafael Wolfgramm Dias também ficou ferido e segue internado no Hospital Federal de Bonsucesso, com quadro estável. 
Outros quatro homens, entre eles dois apontados como seguranças de lideranças do tráfico, morreram no tiroteio. Um morador, identificado como Revalci Rosa Agues, de 75 anos, foi baleado e está internado com quadro estável no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. A operação prendeu 24 criminosos, dos quais sete são acusados de integrar a alta cúpula do tráfico de drogas de Minas Gerais. Ao todo, foram apreendidos 11 fuzis, 5 pistolas, uma metralhadora antiaérea, um espingarda calibre 12, uma granada e drogas. As equipes ainda recuperaram seis carros e duas motocicletas. 
A estimativa da PM é de que a operação causou um prejuízo de aproximadamente R$ 1 milhão ao tráfico de drogas da Maré. A ação foi marcada pela tensão, com fechamentos de instituições de ensino e unidades de saúde. Criminosos ainda provocaram o fechamento temporário da Avenida Brasil, onde um ônibus foi incendiado e uma carreta foi atravessada, e das linhas Vermelha e Amarela, para dificultar o acesso dos agentes. A corporação também vai investigar se suspostos áudios de criminosos dizendo ter cercado uma casa com policiais é verdadeiro.