Walace de Oliveira, a mulher Ludmilla de Souza e o filho do casal, de 4 anosReprodução / Arquivo Pessoal

Rio - Amigos de Walace de Oliveira Cláudio, de 35 anos, uma das vítimas do ataque a tiros ocorrido na Praça Barão de Drumond, em Vila Isabel, na Zona Norte, organizaram uma vaquinha para ajudar a família do técnico em Tecnologia da Informação. A iniciativa tem o objetivo de prestar suporte financeiro aos familiares neste momento de dor e dificuldade. 
Inicialmente, a campanha tinha como meta arrecadar R$ 10 mil, mas, devido à solidariedade de amigos e desconhecidos, já soma quase R$ 23 mil. O dinheiro será destinado ao pagamento de compras e contas de casa, enquanto a família aguarda a liberação das burocracias do seguro de vida de Walace.
Ao DIA, a viúva do rapaz disse estar grata pela iniciativa dos amigos. Emocionada, ela ressaltou que o dinheiro será de grande ajuda durante este período inicial, enquanto lida com a perda e as despesas imediatas. Ludmilla Souza do Nascimento, de 29 anos, destacou o quanto a solidariedade de todos tem sido importante para passar por este momento tão difícil e inesperado.
"Eu soube há poucos dias que essa vaquinha foi feita pelos amigos do trabalho dele. Eles fizeram para arcar com os gastos das contas do nosso apartamento até a gente conseguir dar entrada nos benefícios que ele tem direito, no seguro de vida. Esse processo é bem demorado e a gente não sabe quantos meses teremos que esperar. Não era isso que eu queria, se eu pudesse trocar isso tudo pela vida do meu marido, eu trocaria, mas infelizmente, a vida aqui continua", desabafou. 
Walace e a mulher lanchavam em um dos trailers da Praça Barão de Drumond, que também é conhecido como Praça 7, enquanto o filho brincava em um pula-pula, quando bandidos passaram atirando. 
Junto há sete anos, o casal não morava mais em Vila Isabel. Ludmilla e Walace haviam se mudado para Bonsucesso no ano passado, mas o marido, segundo ela, fez questão de voltar ao bairro para assistir ao jogo do Botafogo, seu time do coração, ao lado do pai. Após o fim da partida, eles decidiram ficar um pouco mais, sentados e conversando. Foi nesse momento que a tragédia aconteceu e interrompeu uma noite que deveria ter sido de alegria.
Walace estava com o filho de 4 anos no colo quando foi baleado na cabeça. O técnico em Tecnologia da Informação teve morte cerebral confirmada na última segunda-feira (19), no Hospital Federal do Andaraí, onde estava internado em estado gravíssimo. O menino, segundo a mãe, presenciou o momento em que o pai foi baleado e, ainda, o viu ensanguentado no chão. 
O rapaz era funcionário terceirizado da Petrobras e, de acordo com a mulher, foi graças ao trabalho que o casal conseguiu deixar a comunidade do Morro dos Macacos, onde moravam anteriormente.
A comunidade vem sendo palco de uma constante guerra pelo controle territorial entre o Terceiro Comando Puro (TCP), que domina atualmente a comunidade, e o Comando Vermelho (CV). Desde o início desse ano, a região sofre com tentativas de invasões de traficantes do Morro São João, no Engenho Novo, controlado pelo CV, que faz divisa com a comunidade.
O ataque que tirou a vida de Walace foi mais um desdobramento da disputa, já que um dos mortos seria o alvo dos atiradores. Segundo a Polícia Civil, além do técnico em TI, morreram Gabriel Pereira Candido, de 24 anos, Pedro Henrique Pereira dos Santos, 18, Pedro Henrique Barbosa da Conceição, também de 18; e o adolescente T. M. L, de 17. Outras duas pessoas foram baleadas. 
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Segundo a Polícia Civil, três suspeitos de envolvimento no ataque já foram identificados e diligências estão em andamento para apurar todos os fatos.