Policial civil conduz suspeitos deitos na operação realizada na manhã de ontem no Complexo de Israel, na Zona Norte do RioReginaldo Pimenta

Rio - Investigações da Polícia Civil apontam que o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o 'Peixão', líder do Terceiro Comando Puro (TCP) no Complexo de Israel, na Zona Norte, pretende expandir seu domínio para outros bairros da região, como Penha e Brás de Pina. O criminoso e membros do seu grupo foram alvos de uma operação realizada nesta quinta-feira (10), que terminou com 12 presos.
Segundo o delegado Fábio Asty, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), os integrantes da quadrilha de Peixão praticam diversos crimes na região do Complexo de Israel, formado por comunidades de Parada de Lucas e Vigário Geral, Cidade Alta e Pica-Pau, em Cordovil, e Cinco-Bocas, em Brás de Pina. Além disso, o TCP constantemente se envolve em disputas com a facção Comando Vermelho (CV) sobre território.
"Descobrimos que ele pratica vários crimes para poder aumentar sua lucratividade financeira, não só o tráfico de drogas, nessa região, como também extorsões, roubo de cargas, homicídios e disputa territorial contra facções criminosas rivais. Com isso, ele pretende aumentar cada vez mais a sua região territorial, tentando ganhar a localidade da Penha e Brás de Pina, como um novo episódio do início do ano, lançando drones naquela região com artefatos explosivos, sempre querendo ganhar território e aumentar sua lucratividade financeira", explicou o delegado.
Um dos principais palcos dessa disputa territorial é na comunidade do Quitungo, em Brás de Pina, que fica próximo à Cidade Alta, em Cordovil. Em julho, traficantes do TCP usaram drones para jogar granadas em integrantes do CV no Quitungo. Além disso, a região já registrou neste ano diversos confrontos entre as facções.
Operação
Investigações iniciadas há cerca de nove meses constataram que cargas roubadas foram levadas para o Complexo de Israel. Nesta quinta, equipes da DRFC, com apoio dos Departamentos de Polícia Especializada, da Capital, da Baixada e do Interior, da Subsecretaria de Inteligência e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), bem como da Polícia Militar, atuaram no local para prender criminosos envolvidos, incluindo o próprio Peixão.
As equipes da Polícia Civil foram às ruas para cumprir 15 mandados de prisão. Além do líder do tráfico, os mandados foram expedidos contra o irmão dele e outros 13 criminosos diretamente ligados a Peixão, como seguranças.
Oito dos mandados foram cumpridos nesta quinta, mas somente o traficante Alexsander Félix Barbio teve a identidade divulgada. Já a PM encontrou quatro bandidos que fugiram da Cidade Alta e se esconderam em um motel no Jardim América, também na Zona Norte. Entre os presos em flagrante, havia um foragido da Bahia, com dois mandados de prisão em aberto.
Em Parada de Lucas, os policiais encontraram o imóvel de luxo onde Peixão morava. Ele conseguiu fugir do local antes da chegada dos agentes. O espaço conta com um grande lago artificial com carpas, área de lazer e uma academia de ginástica totalmente equipada. No local, é possível ver imagens da Estrela de Davi, símbolo de Israel do qual o chefe do Terceiro Comando Puro (TCP) é adepto.
"Você consegue ver, a partir dessa casa luxuosa, o quanto de prosperidade financeira ele tinha através das suas atividades criminosas ilícitas. Uma casa que poderia ser equivalente a um resort", afirmou Asty.
Veja o vídeo do imóvel:
Complexo de Israel
Segundo investigações, o Complexo de Israel leva esse nome por causa do domínio de Peixão, que é adepto de símbolos de Israel, como a Estrela de Davi. O traficante é conhecido por sua intolerância contra praticantes de religiões de matriz africana e costuma expulsar moradores de suas áreas de influência simplesmente, bem como determinar a invasão e depredação de centros religiosos. Contra ele, há nove mandados de prisão em aberto, a maioria por tráfico de drogas, homicídio e ocultação de cadáver.
A religiosidade de Peixão é tamanha que ele se auto-intitula como Arão, o profeta de Deus, irmão de Moisés. O nome foi assumido também pela sua quadrilha que se autodenomina "Tropa do Arão". O próprio "Complexo de Israel", seria uma referência à terra prometida. Além disso, o traficante também usa símbolos para marcar seus territórios, que geralmente estão colocados em pontos altos das comunidades.
Na Cidade Alta, por exemplo, foi instalada uma Estrela de Davi que pode ser vista a mais de 2,5km de distância.