Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, morreu após ser baleado em uma operação na Cidade de DeusReprodução/Redes sociais

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) ouviu, nesta quarta-feira (11), três testemunhas de acusação no processo que investiga a morte de Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, morto a tiros durante uma operação policial na Cidade de Deus, Zona Oeste. O caso aconteceu em agosto de 2023 e quatro policiais militares estão presos pelo homicídio.
Foram intimados a prestar depoimentos os proprietários de uma borracharia próximo ao local do ocorrido e o dono de um carro que foi alvejado por tiros durante a ação. A audiência começou às 15h e durou cerca de três horas. Segundo o TJRJ, foram intimadas as testemunhas de acusação que não compareceram na audiência anterior, no dia 2 de outubro. "Trata-se de uma continuação da audiência de um processo em andamento", informou o órgão. 
Na audiência anterior, prestaram depoimento Priscilla Menezes Gomes de Souza, mãe de Thiago; Fábio Ferreira da Silva, dono de um projeto social na Cidade de Deus; Verônica Lima de Freita, gestora da escola onde o menino estudava; e Matheus Cardoso de Souza, morador da comunidade.
Os quatro policiais que respondem pelo crime são eles: Roni Cordeiro de Lima, Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria e Silvio Gomes dos Santos. No dia 5 de novembro, a defesa dos agentes pediu a revogação da prisão deles, mas a solicitação foi negada pela Justiça.
Os advogados dos PMs tentam provar que Thiago realizou disparos contra a equipe policia. Também conseguiram na justiça a quebra do sigilo dos telefones apreendidos. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denuncia os agentes pelo crime de fraude, pois, segundo a investigação, eles apresentaram uma pistola e munições atribuídas à vítima, indicando que o jovem estaria armado.
Relembre o caso
Thiago morreu depois de ser baleado por policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) durante uma operação, na madrugada do dia 7 de agosto, na Cidade de Deus. Segundo o pintor Hamilton Menezes, tio do rapaz, a família teve acesso a uma câmera de segurança da região, cujas imagens mostrariam o momento em que um agente atira contra o jovem.
Um dia depois da morte do jovem, a PM retirou do ar uma postagem que criminalizava o menino. A exclusão aconteceu após a Defensoria Pública do Rio (DPRJ) entrar com uma ação judicial. Segundo a PM, a postagem na rede social X da corporação "é feita a partir das informações preliminares passadas pelos policiais que participaram da ação".
No entanto, o comando da corporação decidiu retirar a publicação, pois entendeu que o caso está sob análise e investigação. O post, feito às 5h44 do dia 7 de agosto e afirmava que "um criminoso [havia ficado] ferido ao entrar em confronto". Mais de um milhão de pessoas viram a postagem.
Em agosto, a Corregedoria da PM indiciou os policiais envolvidos na ação. A investigação apurou que houve fraude processual, omissão de socorro e abuso de autoridade. O inquérito apontou que os agentes omitiram o socorro do menino e divulgaram informações incompletas "por livre e espontânea vontade" para atrapalhar a investigação sobre o caso. Na decisão, a Corregedoria destacou que, se os policiais ficassem soltos, eles seriam capazes de apagar evidências do crime e pressionar testemunhas.
A investigação descobriu que os PMs usaram um carro descaracterizado durante a ação. O veículo era de um dos policiais. O fato foi relatado por familiares da vítima que conseguiram imagens de uma câmera que gravou uma perseguição entre o carro e a moto onde o menino estava na carona.