Rio - Futebol e cerveja formam uma tradicional combinação. Essa antiga ‘parceria’, no entanto, ganhou ares de novidade no estádio Atílio Maroti, em Petrópolis, onde, no último domingo, torcedores puderam ver o jogo bebendo cerveja artesanal. Dentro das quatro linhas, o Serrano bateu o Duquecaxiense por 2 a 1, garantindo acesso à série B do Carioca de 2017, diante de um público de duas mil pessoas.
Mas há outros números decisivos fora do gramado, onde os torcedores consumiram 250 litros de chope ‘Duzé’ da Weiss, de trigo, e da India Pale Ale (IPA), gerando arrecadação de R$ 4 mil — 10% ficam com o clube. E o chope voltará a ser oferecido aos torcedores na primeira partida da final da terceira divisão do Rio, no próximo domingo, contra o São Gonçalo.
O presidente do Serrano Alexandre Beck, o China, estuda a possibilidade de ampliar a parceria com as cervejas artesanais produzidas na região, conhecido como polo cervejeiro no estado. “Foi uma experiência inédita e o público adorou. O que dá certo, a gente tem que manter. O Serrano tem que aproveitar os produtos locais”, afirmou.
O crescimento do setor foi discutido no mês passado, na etapa regional de Petrópolis do Mapa Estratégico do Comércio, do Sistema Fecomércio RJ. Em janeiro deste ano, um grupo de empresários idealizou o ‘Deguste’, feira mensal onde são vendidas as cervejas artesanais da Região Serrana do Rio.
O evento foi criado em meio a uma expansão que não foi estancada nem pela crise econômica. A quantidade de cervejas artesanais produzidas em Petrópolis deve dobrar até o fim do ano, chegando a quase 20 marcas.
Um crescimento diretamente ligado à inauguração da cervejaria Brew Point, que deve ocorrer dentro de 30 dias. A fábrica é parceira de seis rótulos de cervejas ciganas locais, como são chamadas as marcas que precisam produzir em uma cervejaria licenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Com isso, a bebida engarrafada em outros municípios passa a ser feita numa cervejaria de Petrópolis. A estimativa é de fabricação de até 100 mil litros mensais em cinco anos.
O idealizador do projeto é o empresário José Renato Romão, o dono da marca ‘Duzé’, vendida no estádio do Serrano. A ideia é buscar outros parceiros, num município onde há cerca de cem pessoas produzindo cerveja dentro de casa. “Vamos ter uma cozinha de 50 litros para testar receitas desses cervejeiros caseiros, sugerindo adequações para ajudar a colocar novos produtos no mercado”, projeta.
Legado é fazer público experimentar
Não basta ser empresário. É preciso participar. Com essa filosofia, José Renato Romão esteve na barraca para vender cerveja artesanal num estádio de futebol pela primeira vez no país. E, segundo ele, metade dos clientes experimentaram a bebida pela primeira vez.
Romão acredita que o principal legado deixado pela experiência de oferecer esse tipo de chope num estádio é fazer com que o público experimente. “Teve um cara que entrou no estádio e disse que nunca tinha experimentado. Depois de beber cinco copos, falou que nunca mais iria beber cerveja em lata. Teve até uma senhora de 70 anos que experimentou pela primeira vez”, lembra.
Romão segue a mesma filosofia de cervejarias norte-americanas, que priorizam o público local. Por enquanto, a ‘Duzé’ é vendida em pelo menos 60 estabelecimentos de Petrópolis. Mas a tendência é de expansão.