Por gabriela.mattos

Rio - O produtor Guilherme Leal, de 30 anos, e o empreendedor Felipe Campos, 31, decidiram vender seus carros e passaram a usar aplicativos de transporte particular e de táxis regularmente. A economia foi crucial para a decisão de ambos. Pesquisa feita pelo app 99 com 8.053 cariocas aponta que essa tem sido mesmo a tendência após o ‘boom’ de tecnologias de compartilhamento de veículos no Rio: 53% dos entrevistados têm automóvel, mas somente 25,4% o tiram todo dia da garagem.

Segundo o levantamento, 46% dos cariocas que têm carro usam o veículo próprio algumas vezes por semana e 28,5% só dirigem nos fins de semana. Ou seja, a minoria opta pelo automóvel diariamente. Os fatores citados como mais relevantes para a escolha pelos apps foram preço (48,5%), rapidez (45,4%) e segurança (31,9%).

Guilherme Leal diz que gastava R%24 1.000 por mês com o carro e%2C com o aplicativo de táxi com desconto%2C a despesa mensal caiu para R%24 600Divulgação

Os dados foram coletados em fevereiro, antes de a 99, que era um aplicativo só de táxis, lançar motoristas particulares na cidade, como o Uber. “Acreditamos que a tendência de compartilhar veículos já existe. Cada vez mais as pessoas vão evitar tirar o carro de casa e gastar com estacionamento, por exemplo”, avalia a gerente de comunicação da 99 no Rio, Analu Andrigueti.

O mineiro Guilherme Leal, de Uberaba, mora no Rio há seis anos e desde então tinha carro. Neste fim de semana, viajou à sua cidade para vender o veículo. “Eu gastava com o carro quase R$ 1.000 por mês, somando manutenção, combustível, estacionamento, multas e o financiamento. Não valia a pena”, conta.

Guilherme, que mora em São Cristóvão e trabalha na Glória, começou a comparar os custos em dezembro. “Usando o app de táxi com desconto, o custo por mês caiu para algo em torno de R$ 500 a R$ 600”, acrescenta.

Dono de uma consultoria na Glória, Felipe Campos, morador de Botafogo, faz coro. Ele tem carro há muitos anos, mas não o usa mais nem para trabalhar nem aos fins de semana. Por causa das despesas, também colocou o bem à venda. “Para ir trabalhar, tinha que pagar estacionamento. Onde moro também pago garagem. Fora os custos com seguro, combustível, revisão... É uma despesa muito grande e não estou usufruindo o benefício”, diz. Durante a semana, Felipe anda de metrô, mas não abre mão dos aplicativos nos dias de folga e quando sai para beber. “Às vezes uso o Uber, às vezes o 99. Depende do preço de cada um na hora”, ensina.

Outra estatística extraída da pesquisa foi que 60% dos entrevistados disseram usar os aplicativos para o lazer, enquanto 30% chamam as corridas para fins de trabalho. Os outros 10% relacionaram o uso às demandas corporativas e a viagens. “Entendemos que o compartilhamento ajuda a tirar carros da rua a médio prazo. Você pode pedir uma corrida para chegar a uma estação de transporte público e seguir viagem. Vemos os modais como complementares”, defende Analu.

A Uber ressalta que também percebe que seus clientes substituem o carro próprio pelo aplicativo no dia a dia em complemento a outras formas de mobilidade.

Aplicativo compara os preços

Uma pesquisa do aplicativo de transporte particular Cabify, que chegou ao Rio ano passado, constatou que, para alguns trajetos, é mais vantajoso substituir o carro pelos apps. A empresa comparou versões de entrada dos três modelos mais vendidos em 2016 (Hyundai HB20, Chevrolet Onix e Ford Ka) e principais custos no ano.

Segundo os cálculos da empresa, para quem se desloca 20 quilômetros por dia em Belo Horizonte, o gasto mensal com a Cabify é de R$ 1.380. Para proprietários de um Hyundai HB20, o gasto mensal é de R$ 3.877,17. Com o Onix e o Ka, os valores são R$ 3.868,25 e R$ 2.800,78, respectivamente.

De acordo com a Fenabrave (federação dos distribuidores de veículos), as vendas de carros novos no Brasil caíram 20,1% em 2016 em comparação com o ano anterior. Foi o quarto ano seguido de baixa no setor.

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