Na visão do arqueólogo Lewis Binford a complexidade do ritual funerário pode ser relacionada com a complexidade da organização social, é preciso entendê-las lhes dando significados e funções. No Brasil, o conhecimento que temos dos rituais funerários mais antigos remete-nos aos achados do interior do nordeste, segundo Gabriela Martin. No cemitério chamado de Pedra do Alexandre, no Rio Grande do Norte, estão às datações mais antigas registradas na região.
Já o estudo da cerâmica em larga escala tornou-se possível graças aos arqueólogos Clifford Evans e Betty Meggers em 1964, aumentando consideravelmente a margem interpretativa fornecida por este material.
Para o pesquisador Ondemar Dias, “até o momento sabe-se que as primeiras comunidades cerâmicas estão filiadas à tradição denominada Una. Por volta do século VI, grupos tribais Mucuri se fixaram no baixo curso do rio Paraíba”.
Provavelmente os grupos desta tradição tenham chegado até períodos históricos muito próximos da época atual. No final de sua evolução receberam influências tupi-guarani, mais recentes nesta área do Brasil. Devem ter começado a ocupação a partir do século VIII.
Esse grupo adaptava-se a inúmeras situações ecológicas, sempre mantendo padrões de associação e motivos estéticos singularmente conservadores. Sua cerâmica apresenta em todo o país, a mesma técnica decorativa e a mesma variação nos padrões empregados.

Há grande diversificação na decoração e na forma do vasilhame, mas certa permanência nos padrões de enterramento, onde predomina o secundário em urnas.
Sua cerâmica permaneceu sendo feita após a conquista e muitos traços da mesma, mesclados com influências europeias e negras, mantiveram-se perpetuados através da cerâmica neobrasileira ou cabocla.
Apesar da arqueologia da Baixada ser pouco estudada, vamos dar um exemplo: o enterramento caracterizado pelas tradições tupi-guarani podemos encontrar no Sítio Dona Laura, em Belford Roxo.
Um morador ao cortar parte do barranco atrás da sua casa percebeu que havia fragmentado uma parte, possivelmente lateral, de um grande vaso de barro. Alguns destes cacos chegaram ao laboratório do Instituo de Arqueologia Brasileira (IAB) e foram observados pelo professor Ondemar Dias. O professor constatou que tratava-se de cerâmicas com decoração pertencentes a uma urna, possivelmente Tupi-Guarani.
O salvamento e análise do material foi realizado pelo IAB. O sítio foi registrado sob a sigla RJ-LP-43, com o nome de D. Laura e fica na Rua Belo Horizonte 160, no bairro Vilar Novo.