Queimados - Cinco irmãos e duas famílias diferentes. Todos do mesmo sangue, mas com pais e mães distintos. Joice (12), Thiago (8), Davi (6), Jéssica (4) e Bruno (2) tiveram um passado marcado pela violência e o abandono vividos dentro de casa com a família biológica. Mas o amor de mães do coração mudou a realidade destas crianças.
Mesmo tendo sido adotadas por famílias diferentes, hoje, pela primeira vez depois desta nova realidade, elas vão comemorar juntas o Dia das Mães com um grande almoço. Ana Paula e Milton César, casados há 18 anos, decidiram se habilitar para a adoção e o casal se apaixonou por Jéssica e Thiago. “Quando pensei em adotar foi por amor. A vontade era adotar os cinco, mas, infelizmente, não dava”, disse Ana.
O destino de Joice, Davi e Bruno estava mesmo reservado para Dinha Amorim, a mãe que por amor venceu o preconceito e quebrou barreiras. Ela e a companheira foram o primeiro casal homoafetivo a conseguir adotar crianças em Queimados. “Adotar é amar, é ter filhos de verdade, mesmo não tendo nascido de seu ventre. Tanto que adotamos mais uma menina depois disso”, disse Dinha.
Antes dos cinco irmãos serem adotados, o Conselho Tutelar de Queimados chegou a receber diversas denúncias de que as crianças sofriam agressões do pai biológico, sob efeito de drogas ou de álcool. Quando comprovada a denúncia, o casal perdeu a guarda dos filhos que, ao chegarem ao Abrigo Municipal de Queimados, foram colocados para adoção.
Apesar de viverem em casas diferentes, os irmãos ganharam da Justiça o direito de conviver e isso uniu as duas famílias. Juntos, eles fazem atividades que todas as famílias costumam fazer. “São partes diferentes que resolveram dar as mãos para o bem dos irmãos. Nesta história há quebra de preconceitos em nome da felicidade”, afirma a coordenadora do Abrigo, Júlia Pessoa.