Por luana.benedito
Rio - Antiga marchinha de Umberto Silva e Paulo Sette resumia uma desilusão amorosa descrevendo que “este ano não vai ser igual àquele que passou”. Os versos, no entanto, mostram-se atuais. É que várias cidades do Estado do Rio, com dificuldades financeiras graves e os cofres vazios, resolveram remanejar os investimentos do Carnaval 2017 e aplicar a verba em outras áreas, como saúde, educação e o pagamento de salários atrasados.

Em Miracema, por exemplo, o prefeito Clóvis Tostes anunciou o cancelamento da folia. Em função da crise, Tostes anunciou que a verba para o Carnaval vai ser utilizada para a compra de medicamentos e o pagamento dos servidores e fornecedores do município. “Seria uma irresponsabilidade com a população realizar a festa neste ano”, pondera ele. As prefeituras de Araruama e Itaboraí também cancelaram a folia.

Com pouco dinheiro em caixa%2C algumas cidades recorrem à iniciativa privada para garantir a foliaDivulgação

Na primeira, a prefeita Livia Chiquinho vai usar os cerca de R$ 390 mil para a reabertura do Hospital Casa de Caridade. Em Itaboraí, o prefeito Sadinoel Souza realocará a verba da folia. “Sei que o Carnaval é a festa do povo, mas não faz sentido festividade em uma cidade com funcionários com pagamento atrasado, saúde desfalcada e escolas sem merenda”, esclarece Sadinoel.

Em Angra dos Reis, o Carnaval 2017 foi viabilizado por parceria entre a prefeitura, a Associação Recreativa e Cultural dos Blocos Carnavalesco (Abcar) e o setor privado. Já Cabo Frio vai apoiar logisticamente o Carnaval 2017 com a instalação de banheiros químicos e a Guarda Municipal. Mas os blocos não vão desfilar pela cidade e a estrutura da Arena dos Blocos, que ficava na orla da Praia do Forte, não será montada.

“A festa será realizada com as agremiações montando todo o aparato necessário. Também ficou acordado que os blocos vão ficar no esquema do concentra mais não sai”, adianta Ricardo Machado, secretário de Cultura.
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Volta Redonda também é outra cidade que dará apoio logístico aos blocos. “Neste momento de crise financeira que o município vem passando, com dívida de mais de R$ 805 milhões, precisamos economizar. Mas não podemos deixar a população sem diversão no Carnaval”, comenta o prefeito Samuca Silva.
Os desfiles em Volta Redonda, aliás, começam domingo, dia 5. Até o fim do Carnaval vão ser 21 blocos, sendo que o único com verba da prefeitura é o tradicional Bloco da Vida, formado por foliões com idades entre 50 e 95 anos. “Para economizar, estamos usando materiais de outros carnavais, mas sem abrir mão da qualidade”, destaca a coordenadora do Bloco da Vida, Fátima Martins.
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