A polêmica decisão do prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, em tornar o filho secretário.
A polêmica decisão do prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, em tornar o filho secretário.Divulgação / Maria Costa
Por Irma Lasmar
SÃO GONÇALO - A 26 dias de tomar posse, o prefeito eleito Capitão Nelson (Avante) promete uma transição de governo pacífica, o foco nos principais problemas do município - Saúde e Segurança, segundo ele - e governar para todos, independentemente de ideologia. Em entrevista ao jornal O DIA, o ex-vereador e ex-deputado estadual demonstrou tranquilidade diante do desafio de comandar em breve o segundo mais populoso município do estado do Rio. Ele pretende, além de reconhecer acertos e corrigir erros da gestão que se encerra dia 31, também estudar as melhores escolhas de nomes técnicos para as secretarias municipais.  
“Acredito que nada aconteça por acaso. A vitória se deu por meio de muito trabalho. O resultado foi apertado, mas saímos vitoriosos. Agora não importa o partido. Eu serei o representante de todos os gonçalenses e já estou me reunindo e estudando a melhor forma para a transição. Queremos solucionar, de forma emergencial, os principais problemas dos gonçalenses, para depois começarmos a promover mudanças estruturais”, afirmou o militar.
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Segundo ele, o caminho é longo, mas mudar a cidade é possível. “Minha campanha foi pautada em estar sempre com os pés no chão. Não é momento de oba-oba. Não há tempo para isso porque nossa cidade precisa de mudanças. É o que vamos fazer na Segurança Pública. Vamos ocupar a cidade com a ordem, retirando as barricadas e investindo em monitoramento. Foi minha promessa de campanha e será prioridade. O gonçalense vai poder ir aonde quiser e receber os serviços públicos que são seus por direito”, garantiu.
O DIA - Como pretende que seja a transição de governo?
CAPITÃO NELSON - Pretendo conversar com José Luiz Nanci ainda nesta semana para alinhar os trabalhos. Somos dois homens maduros, não há a menor possibilidade de termos qualquer tipo de problema, pelo contrário. Conto com a colaboração dele e de sua equipe para que consigamos, o mais rápido possível, promover melhorias em nosso município. Até a posse, trabalharemos muito para fazer uma transição serena e responsável.
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OD - No que acha que o governo municipal atual acertou e o que dele poderá ser mantido?
CN - A resposta para esta pergunta ainda será respondida. Estamos entrando agora com nossa equipe de transição. Acredito que, por pior que seja um governo, em qualquer cidade brasileira, em alguma coisa alguém acerta. Estamos confortáveis para reconhecer os acertos de nosso predecessor e corrigir os erros para que, no futuro, os ganhos fiquem inteiramente com a população.
OD - Quais acha que serão seus maiores desafios de gestão?
CN - O desafio imediato de minha gestão será, sem dúvidas, dar início à solução dos problemas de Segurança Pública em nosso município. Muitos prefeitos acham que, como a Segurança é de responsabilidade estadual, não devem se meter nisso. Eu não concordo. Acredito que, quando um município, como é o caso de São Gonçalo, chega neste nível delicado no campo da Segurança, é mais que um compromisso, é um dever do prefeito de se mexer para solucionar. Ainda quando deputado estadual, consegui, por meio de articulação política, trazer o Segurança Presente para São Gonçalo, atuando no Centro e em Alcântara. Agora, como prefeito, vou me dedicar a expandir o programa para mais lugares. Acredito que diversos outros problemas de nossa cidade passam pela questão da Segurança Pública, como é o caso do desenvolvimento econômico. Melhorando neste quesito, atrairemos investimentos e empresas e, desta forma, vamos conseguir crescer economicamente, criando empregos em nossa região. Outra grande preocupação minha é na área da Saúde. Pretendo me dedicar ao máximo, com uma equipe estritamente técnica, para informatizarmos todo o sistema de saúde de nossa cidade. Desta forma, iremos garantir que os recursos, sejam eles pessoas, equipamentos ou medicamentos, não fiquem ociosos e sejam empregados em prol de quem os paga: o gonçalense. Não dá pra jogar dinheiro no lixo por desorganização.
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OD - Por falar em saúde, o senhor assume o mandato ainda em meio à pandemia do novo coronavírus. Que medidas prioritárias tomará nesse sentido?
CN - Temos total ciência de que a pandemia ainda não acabou. Vamos acompanhar de perto a evolução da doença em nosso município e oferecer, para os gonçalenses contaminados, todos os insumos necessários para que lutem pela vida. Para isso, ouviremos os verdadeiros heróis deste ano: os médicos e os cientistas. Eles terão total autonomia para realizar as determinações necessárias para São Gonçalo até que a humanidade ache a vacina. 
OD - A Educação, que já é uma área delicada, foi prejudicada neste ano atípico de isolamento social. Que medidas tomará nesse campo?
CN - Vamos implantar pelo menos cinco colégios em tempo integral. Neste ano, a maioria dos alunos não pôde ter acesso às aulas on-line por não terem computadores, telefones ou internet em casa. Por isso, será necessária a elaboração de um primeiro e segundo planos voltados para que a crianças não fiquem sem estudar de novo em 2021.
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OD - A populosa São Gonçalo, ao longo do tempo, perdeu seus profissionais para outros municípios, passando de cidade industrial à condição de cidade dormitório. Tem planos para o impulsionamento de emprego e renda locais?
CN - Vamos assumir a Prefeitura no meio da maior crise econômica dos últimos tempos e nossa gente precisa de um prefeito com liderança na busca de mais oportunidades de emprego em São Gonçalo. Temos um plano de ação preparado para captar investimentos e principalmente apoiar os nossos empreendedores e trabalhadores informais para que possam dar a voltar por cima. Nossa gente é guerreira e com apoio do governo municipal podemos sair da crise mais rápido do que imaginamos. Serei um prefeito parceiro do emprego. Sou a favor dos trabalhadores, por isso não faz parte dos meus projetos acabar com os vendedores ambulantes. Muito pelo contrário, quero melhorar as condições de trabalho da população que fica o dia inteiro no sol, buscando maneiras de conseguir levar para casa no fim do expediente um alimento para sua família.
OD - Que nomes de futuros secretários pode nos adiantar desde já?
CN - Tenho bons nomes em mente. Mas ainda é muito cedo para revelar. O que posso afirmar é que a minha campanha foi limpa. Isto significa que não prometi cargos para ninguém. Estou muito confortável em montar a minha equipe e afirmo que minha decisão atenderá a critérios técnicos. O tempo do 'toma lá, dá cá' acabou. Vamos ter, em nosso corpo de governo, secretários estritamente técnicos, que tenham comprovadamente notória experiência nas áreas. 

OD - Seu adversário no segundo turno prometia ônibus de graça; isso seria mesmo viável?
CN - A proposta do meu adversário era irreal. Não há a menor condição financeira, tributária ou fiscal de se implementar ônibus gratuitamente em São Gonçalo hoje.
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OD - Como morador da cidade, que outros serviços públicos observa que necessitem de melhorias?
CN - Lixo e entulho acumulados, iluminação pública precária, ruas cheias de lama e áreas de lazer em péssimo estado de conservação. Vamos transformar essa realidade com muito trabalho e em parceria com a população, colocando a casa em ordem e levando asfalto e cuidado com os espaços públicos de todos os bairros. Vamos fazer muito mais com muito menos dinheiro público. Serei um prefeito presente nas ruas. Mandarei trocar as lâmpadas dos postes por outras mais econômicas e instalar banheiros químicos para uso principalmente por quem trabalha nas ruas. 

OD - Duas áreas pouco mencionadas pelos candidatos a prefeito de São Gonçalo foram cultura e meio ambiente. O senhor possui projetos nesses âmbitos?
CN - Apesar de termos, a princípio, situações emergenciais para resolver, levaremos a sério a cultura e o meio ambiente. Na transição, faremos uma verdadeira seleção para trazermos nomes de notório conhecimento para os dois temas. Eles serão bem contemplados em meu governo.

OD - O que diria para os eleitores do seu adversário que serão governados pelo senhor nos próximos quatro anos?
CN - O momento é de deixar as diferenças ideológicas de lado. Fui o escolhido das urnas e farei o que estiver ao meu alcance para ser o prefeito de todos os gonçalenses e não somente daqueles que votaram em mim. Todos podem contar comigo. Juntos, vamos ajudar a construir a São Gonçalo que queremos.

OD - Em uma única palavra, como será seu mandato?
CN - Reestruturador.
 
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