O 'Índio do Arsenal'
O 'Índio do Arsenal'Arquivo
Por Irma Lasmar
SÃO GONÇALO - A segunda cidade mais populosa do estado do Rio de Janeiro, parte integrante da capital da Guanabara até 1890 e que até os anos 1940 detinha belas praias da Região Oceânica niteroiense como seu território, ostenta a estátua de um índio no alto do morro do bairro Arsenal e desperta a curiosidade e a fantasia da população local. Teria sido ele um herói indígena dos primórdios da região, tal qual Arariboia em Niterói, esquecido dos livros da história gonçalense? 
O "Arariboia de São Gonçalo", porém, é na verdade uma representação de Oxóssi, entidade cultuada nas religiões candomblecista e umbandista, erguido em meados do século XX por Guaíra Xavier, dona de um terreiro de umbanda em reverência ao orixá da caça, da floresta, dos animais, da fartura e do sustento, espelho de ligeireza, astúcia e sabedoria, amante das artes, da contemplação, das boas influências e da energia positiva. A descoberta é do pesquisador, professor, palestrante de escritor Erick Bernardes, e integra seu mais novo livro de crônicas sobre a história da cidade, intitulado Cambada 2, continuação do Cambada (2019). O nome das obras faz referência ao coletivo de caranguejo, animal com forte presença em diversos bairros.
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"A dúvida em relação ao representado se devia, principalmente pela pose da imagem, apontando o arco e a flecha para baixo do morro, como quem protege uma aldeia dos invasores. A região onde está situado o município era primitivamente habitada pelos povos tamoios, que se aliaram aos franceses contra os portugueses, que por sua vez se juntaram aos temiminós liderados por Arariboia em Niterói. Ou seja, as cidades-irmãs já militaram em partidos opostos. Os antigos habitantes inspiram os nomes de estabelecimentos, uma fábrica e um clube recreativo, além de emprestar vocábulos de seu idioma a inúmeras ruas", conta Erick.
São Gonçalo foi fundada em 6 de abril de 1579 por Gonçalo Gonçalves. Em 22 de setembro de 1890, o então distrito é emancipado politicamente e desmembrado de Niterói, ao qual foi reincorporado em 1892 pelo breve período de sete meses. Em 1923, um decreto revoga seus foros de cidade, rebaixando-a à categoria de vila, e somente retornando à condição de cidade em 1929.
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