A audiência pública da Comissão de Esporte e Lazer da Alerj reuniu autoridades e representantes da sociedade.Divulgação Alerj - Foto: Julia Passos

A transformação da Fazenda Colubandê, em São Gonçalo, em parque estadual foi defendida nesta quinta-feira (17/03), em audiência pública da Comissão de Esporte e Lazer da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Autoridades e representantes da sociedade consideraram relevante a proposta do Projeto de Lei 5.113/21, que prevê preservação dos imóveis, proteção ambiental e realização de atividades esportivas na propriedade.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na década de 1940, a fazenda do século XVII já foi umas mais produtivas do estado. Com 125 mil metros quadrados, ela abriga a Capela de Sant’Anna e a casa-sede. O projeto propõe a revitalização do patrimônio por sua importância histórica, arquitetônica e ambiental.
Atualmente, a sede da fazenda está desocupada. O Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente da Polícia Militar ocupa um prédio anexo. O presidente da comissão e autor do projeto, deputado Ronaldo Anquieta (MDB), destacou que a criação do parque atende aos anseios da população do município, que poderá contar com um espaço histórico e de lazer de excelência.
“O projeto foi um pedido da sociedade civil organizada de São Gonçalo. Queremos garantir a revitalização e a ocupação de um legado histórico. São Gonçalo tem 1,2 milhão de habitantes e carece de atenção, cuidado e respeito. Uma cidade não vive só de asfalto, limpeza e pintura do meio-fio. Estive com o governador Cláudio Castro e ele disse que assinaria na hora (a lei)”, afirmou Anquieta.
Presidente da comissão de Cultura, o deputado Eliomar Coelho (PSol) considerou o projeto um “gol de placa”, e mostrou confiança na aprovação da proposta pela Alerj. “Tenho certeza que será aprovado por unanimidade. Vamos ver se o Poder Executivo irá tomar as ações necessárias. O Legislativo está cumprindo sua tarefa, garantindo as riquezas que nos pertencem”, declarou.
Comandante da Polícia Ambiental (CPAM/PMERJ), o coronel Roberto Dantas destacou as ações policiais para a proteção da área e afirmou ser importante que o local seja disponibilizado à população com segurança e equipamentos de qualidade. “Chegamos há 7 meses para dar uma cara nova ao local. Dentre as ações, combatemos a milícia e promovemos a demolição de 182 imóveis. Somos favoráveis ao projeto, pois sabemos das dificuldades dos moradores de São Gonçalo”, afirmou.
O historiador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Rui Aniceto, ressaltou a relevância histórica deste patrimônio do município. “É um exemplar da arquitetura colonial do século XVII. Por si só já é um dado que revela a importância do projeto. A população do bairro do Colubandê se reuniu para lutar por esse local. A UERJ apoia e espera que seja um espaço de desenvolvimento social e econômico da cidade”, afirmou.
Memória da escravidão
A líder religiosa Mãe Márcia D’Oxum ressaltou que o local, que possuía uma senzala, remonta aos tempos da escravidão e a história da formação da sociedade brasileira. “É representativo para todos nós. Todos temos um pé na África. É de uma época muito dura, evoca essa memória. Quando entrei nele pela primeira vez senti uma dor muito grande. Me remeteu a meu passado, meu presente e ao futuro que vamos deixar”, concluiu.