A nova área de soltura vai receber animais resgatados.Divulgação PMSG - Foto: Luiz Carvalho

A cidade de São Gonçalo dará mais um importante passo na área ambiental. O município vai inaugurar, no próximo domingo, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a Área de Soltura de Animais Silvestres (Asas) municipal, na APA das Estâncias de Pendotiba, a primeira pública do Estado do Rio de Janeiro.

A nova área de soltura vai receber animais silvestres resgatados, com o devido tratamento para uma possível reinserção ao seu habitat natural. O local vai operar a partir de uma cooperação técnica entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o meio acadêmico. Todos os procedimentos seguirão normas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

“São Gonçalo está sendo pioneiro com a primeira Asas pública do Estado. Esse espaço é de suma importância, porque vai proporcionar o retorno de animais resgatados para a natureza. É importante destacar o fortalecimento da relação com o meio acadêmico, que estará presente na área de soltura. Todo o processo de soltura desses animais será avaliado criteriosamente em cada caso por veterinários, de acordo com as condições do animal resgatado. Será um grande avanço para o município contar com uma estrutura desse porte, que será capaz de dar o tratamento adequado aos animais da nossa fauna”, disse o secretário de Meio Ambiente, Carlos Afonso.


A nova área de soltura vai de encontro à necessidade de combater a síndrome da floresta vazia na cidade de São Gonçalo, um problema que vem ocorrendo nas áreas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se de um processo de perda da fauna nas áreas de mata da cidade. Muitas vezes os animais resgatados em São Gonçalo são levados para outros locais, esvaziando as florestas da cidade.
O local mais próximo para onde os animais eram levados é o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres/Ibama), no município de Seropédica, a uma distância quase 90 km de São Gonçalo, que atualmente está impossibilitado de receber animais resgatados. A outra área que teria condições de receber animais debilitados fica a quase 210 km de São Gonçalo, fora do Estado do Rio de Janeiro, em Juiz de Fora, Minas Gerais.

A nova área de soltura vai receber animais resgatados, como aves que caíram de seus ninhos ou cobras que venham a ser encontradas em perímetro urbano e residências. Ao chegarem na ASAS, os animais vão passar por exames, um período de quarentena e, quando estiverem aptos, serão reinseridos em seu habitat, nas unidades de conservação da cidade de São Gonçalo. Todo esse processo obedece a critérios técnicos, levando em conta a variedade de fauna presente em cada área de conservação do município.

"Cabe ressaltar que a ASAS não é uma área destinada para animais vítimas de maus tratos, apreendidos em função do comércio ilegal, tráfico, ou mesmo que tenham sido vítimas de acidentes como atropelamentos. Como a lei que regulamenta crimes contra animais é uma lei federal (Lei Nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998), o Governo Federal é o responsável por essa atribuição", informou a Prefeitura no texto.

De acordo com as informações, o desenvolvimento da Asas em São Gonçalo é fruto de planejamento técnico e operacional envolvendo esferas de governo estadual e municipal. A motivação para a criação desse espaço também se deu por conta da necessidade de locais públicos adequados às normativas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para receber esses animais resgatados.

Segundo o Inea, entre os benefícios da nova área de soltura para São Gonçalo, estão a geração de oportunidade para que os animais silvestres possam voltar a cumprir seu papel ecológico, reintrodução no habitat natural de espécies que foram suprimidas por força de captura ou destruição de seus hábitats e maior disponibilidade de abrigos e alimentação natural.

Além disso, a Asas garantirá a biodiversidade e funções ecológicas de áreas naturais (polinização e dispersão de sementes) e maior conscientização da população sobre a importância da conservação de animais silvestres em seu hábitat natural, bem como da proteção de áreas naturais, principalmente na APA das Estâncias de Pendotiba, onde a Asas de São Gonçalo está localizada.

Mais áreas protegidas em São Gonçalo - O aumento de áreas protegidas na cidade contribuiu significativamente para a inauguração deste importante equipamento público para todo o Estado do Rio de Janeiro. Com a implementação dessa política setorial, São Gonçalo saiu do patamar de 4% de áreas legalmente protegidas no município em 2017, para o atual percentual de 19%, quase quadruplicando o percentual de Áreas Verdes protegidas.

Os ganhos ambientais para a cidade são relevantes e São Gonçalo tem papel de grande importância na promoção do desenvolvimento sustentável. A Lei 713/2017 possibilita, através da compensação ambiental vinculada a uma lei específica, que o desenvolvimento da cidade esteja aliado à manutenção e recuperação do meio ambiente para que se minimizem os danos e perdas ambientais, incluindo as perdas de avifauna local, que já configuram as chamadas florestas vazias com alta perda da biodiversidade.

“No que diz respeito à emergência climática, uma situação em que são necessárias ações urgentes para se reduzir os impactos dos eventos extremos, cada vez mais comuns, São Gonçalo vem trabalhando e contribuindo para a amenização destes danos, indo além do discurso e construindo na prática espaços e prestação de serviços ecossistêmicos que promovam um ambiente mais saudável e sustentável”, disse o subsecretário de Meio Ambiente e biólogo, Gláucio Teixeira Brandão.