As apresentações serão no Teatro Armazém, em São Gonçalo, nesta quarta e quinta-feira (16 e 17), às 20h e no sábado (19), às 19h.Divulgação - Foto: Felipe Avila

O Teatro Armazém, localizado na Travessa Rubens Falcão, número 346, no bairro Porto Novo, de São Gonçalo vai receber nesta quarta e quinta-feira (16 e 17), às 20h e no sábado (19), às 19h, a apresentação de graça e por ordem de chegada do Projeto: “Repertório N.2”, que vai contar com espetáculo de dança, oficinas e roda de conversa.
Segundo os organizadores, a ação propõe pensamento crítico sobre o mundo e reforça dança como prática de autodefesa e surgiu da busca pela compreensão de como cada corpo elabora a sua própria capacidade de se defender. 

"Sobre o “Repertório N.2”, utiliza da performance de dança como prática alternativa de autodefesa em uma necessidade política, emergindo do contexto violento da periferia carioca e do racismo estrutural que estigmatiza corpos pretos. Idealizado e protagonizado por Davi Pontes e Wallace Ferreira, o projeto é a segunda parte de uma trilogia coreográfica sobre a autodefesa de corpos pretos e estigmatizados", afirma os produtores no texto.
Na sexta-feira (18) o Galpão Bela Maré, na Maré no Rio de Janeiro também recebe a montagem, às 17h30. E finalizando as programações da primeira etapa da temporada, na quarta-feira (30) terá apresentação na Cidade Universitária (EEFD - UFRJ), às 17h30 e logo após uma roda de conversa. Já a oficina “Por Uma Prática de Autodefesa”, acontece no Teatro Armazém antes do espetáculo, nesta quarta-feira (16), às 16h. 

Utilizando técnicas desviantes e informais, os dois idealizadores apostam em uma genealogia alternativa, subterrânea, de práticas autodefensivas, assumindo o compromisso de pensar criticamente sobre o mundo em que vivem. Nus em cena, eles propõem uma coreografia intransigente entre a intuição e o desejo de liberar o pensamento através da coreografia. A circulação deste espetáculo conta com incentivo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.


A trilogia iniciada em 2018, ganhou reconhecimento nacional e internacional, passando por lugares como Estocolmo, Suécia e Viena. “O Repertório N.2 continua lidando com a mesma questão de como pensar uma prática de autodefesa em dança, mas buscamos resolver isso de uma maneira completamente diferente, então essas práticas de defesa estão sempre se reformulando e criando outras práticas dentro desse mesmo sistema”, ressalta Davi, artista, coreógrafo e pesquisador.


Como um espetáculo político, a peça é fruto da inquietude dos idealizadores, Davi Pontes, artista, coreógrafo e pesquisador. Formado em Artes pela Universidade Federal Fluminense e mestrando no Programa de Pós Graduação em Artes (Estudos Contemporâneos das Artes) e Wallace Ferreira, artista da dança, coreógrafo, performer, artista visual. Formado pela Escola Livre de Artes da Maré(ELÃ) e Escola de Artes Visuais Parque Lage, Graduan- do em Dança pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)


“Em 2018, o então presidente começou a escalada presidencial e foi neste mesmo ano que eu conheci o Wallace. A partir disso, surgiu o interesse em compreender como cada corpo elabora a sua própria capacidade de se defender. Então o trabalho tem como princípio quase ético a ideia de autodefesa”, ele conta e completa: “Passamos a olhar para as nossas práticas da vida e entender como o nosso corpo se move e a partir desse movimento, como a gente consegue articular um pensamento em relação à dança", frisa Pontes.



Com a dança correndo nas veias, o artista que junto com seu parceiro, já está com uma série de viagens internacionais de trabalho marcadas para o ano que vem, como Toronto, Suíça e Viena, destacam a importância da arte em suas vidas. “Eu sempre fui interessado na palavra ‘coreografia’. Para mim, a coreografia é uma palavra que está em disputa, eu penso nela fora do campo da dança, fora do campo do pensamento moderno em que ela foi criada, e dentro desse emblema da modernidade, assim tento articular-lá com a palavra defesa e com a palavra racialidade”, destaca o coreográfo.


Sobre os idealizadores

Davi Pontes (Rio de Janeiro,1990)

É artista, coreógrafo e pesquisador. Formado em Artes pela Universidade Federal Fluminense e Mestrando no Programa de Pós Graduação em Artes (Estudos Contemporâneos das Artes) da mesma instituição. Estudou na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo ESMAE (Porto, Portugal). Desde 2016 tem apresentado o seu trabalho em galerias de arte e festivais nacionais e Internacionais, sobretudo na University of Pennsylvania (EUA), Artista residente no ImPulsTanz 2022 | [8:tension] Young Choreographers’ Series (Áustria), premiado noImPulsTanz Young Choreographers’ Award 2022, Pivô (São Paulo), Centro Cultural de Belém (Lisboa), Rua das Gaivotas 6 (Porto), Bienal Sesc de Dança, MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, Les Urbaines festival (Suiça), Galeria Vermelho (São Paulo), Valongo Festival Internacional da Imagem (São Paulo), Programa Rumos Itaú Cultural 2021, Panorama Festival (Rio de Janeiro), 5° Mostra de Dan- ça Itaú Cultural ( São paulo), Artfizz – HOA Galeria (EUA) e residente no Programa Pivô Arte Pesquisa, no Programa de Residência Pesquisa em artes MAM Rio e na Escola Livre de Artes – ELÃ entre outros. Dirigiu o filme Delirar o racial em parceria com o artista Wallace Ferreira, obra comissionada pelo Programa Pivô Satélite, 2021. A partir de uma pesquisa corporal, sua prática carrega o constante desafio de posicionar a coreografia e a racialidade para responderem às condições ontoepistemológicos do pensamento moderno, e têm como projeto principal analisar as conjunturas em que violência está sendo praticada no presente global.


Wallace Ferreira (Rio de Janeiro, 1993)

Artista da dança, coreógrafo, performer, artista visual. Formado pela Escola Livre de Artes da Maré(ELÃ) e Escola de Artes Visuais Parque Lage, Graduan- do em Dança pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Constrói estratégias e coreografa ações para escapar das representações. Através de práticas indisciplinares suas criações provocam acidentes em entre as linguagens na dança, performance e artes visuais. Seu trabalho é também uma obsessão em adentrar camadas do invisível, habitando as fragilidades. Movida pelos desafios de tensionar o presente, desde 2018 tem apresentado seus trabalhos em galerias de arte, festivais nacionais e internacionais como Tanya Bonakdar Gallery (NY), Festival Panorama, ArtRio, Lateral Roma, HOA ART, Artfizz, Galeria Jaqueline Martins. Entre seus trabalhos mais recentes, destacam-se a trilogia “Repertório” em parceria com o artista Davi Pontes que esteve na Mostra VERBO da galeria Vermelho, Valongo Festival Internacional da Imagem, Anita schwartz galeria de arte, Frestas - Trienal de Artes 2020/21. Dirigiu o filme Delirar o racial em parceria com o artista Davi Pontes, obra comissionada pelo Programa Pivô Satélite, 2021.

Sinopse do trabalho:


Repertório N.2 é a segunda parte de uma experiência coreográfica para pensar a dança como uma prática de autodefesa. Utilizando técnicas desviantes e informais, apostamos em uma genealogia alternativa, subterrânea, de práticas autodefensivas. Com estas coreografias, assumimos o compromisso de pensar criticamente sobre o mundo em que vivemos, realizando a operação de coreografar entre imaginação e intuição, tentando libertar o pensamento das ferramentas do entendimento.


Sobre a oficina

A oficina é dividida em 2 módulos. Ao longo da oficina serão intercaladas provocações teóricas e exercícios práticos que mobilizarão a turma e em torno dos ciclos temáticos propostos, como investigações coletivas. Os encontros são focados na exibição e análise crítica dos trabalhos dos artistas selecionados, tomando como referência o duo coreografia-racialidade, investigaremos as questões guiadas pela prática de autodefesa. A oficina irá tratar da defesa a partir da sua relação com a coreografia, com a racialidade e a política. Em extensão a isso, a segunda parte da oficina utiliza dos mesmos parâmetros em ações coletivas, tomando como partida alguns princípios das últimas produções da dupla.