O "Faraó dos Bitcoins" se filiou ao partido Democracia Cristã e lançou a pré-candidatura a deputado federal em abrilLetycia Rocha (RC24h)
Para a reportagem, Fabio Mendonça, morador de São Gonçalo, conta que soube da reunião e resolveu ir até o encontro em busca de respostas sobre o valor que investiu na consultora. Assim que chegou, foi alertado por dois seguranças que era proibido gravar imagens durante o encontro. “Provavelmente me reconheceram e, quando entrei, me olhavam de cara feia. Em meio a isso, me filmaram e publicaram na internet com deboches”, relembra.
O ex-cliente da GAS diz que Glaidson não estava presente, mas representantes do empresário tentavam convencer as pessoas a votarem no Faraó dos Bitcoins por gratidão, “já que ele mudou muitas vidas e que estava sendo injustiçado, que a situação era política, era perseguição, e que Glaidson precisava ser eleito para resolver no campo da política”.
Durante o discurso, ainda, o homem, segundo Fábio, chegou a afirmar que “as pessoas que gravam para a internet (reclamando de Glaidson) só tem coragem de falar na internet”. Foi quando ele resolveu se posicionar e acabou sendo expulso. “Eu levantei, liguei a câmera do celular e disse ‘como não fala? estou no prejuízo’. Mal comecei a falar e o cara arriou o microfone e veio para cima de mim”, conta Mendonça. O ex-cliente relembra que diversas pessoas se juntaram e retiraram ele do local, que foi levado para uma área externa por seguranças e manifestantes: “em meio a isso, peguei meu celular arriado e comecei a gravar novamente. Se eu levanto, tenho certeza que iam quebrar meu celular. Olhei para as pessoas e queriam me agredir. Para onde eu ia, me cercavam”. A reunião foi encerrada.
“Foram até o motorista de aplicativo que me levou ao local e questionaram de onde ele era, o que estava fazendo lá, filmaram a placa do carro dele. Falei com ele para passarmos na delegacia, mas, ele se sentiu intimidado e disse ‘vamos embora porque esse pessoal pode estar seguindo a gente e meter bala no carro'”.
Um relatório da Receita Federal, entregue à Polícia Federal (PF), afirma que Glaidson Acácio dos Santos, utilizou uma advogada como laranja para converter criptomoedas em R$ 228 milhões mesmo após ser preso.
As transações, segundo a Receita, aconteceram por meio de Eliane Medeiros de Lima, advogada que foi presa em fevereiro deste ano. A Polícia Federal diz, com base nos dados do fisco, que “diversas transações indicam que a organização criminosa continuava ativa mesmo após a deflagração da operação e da prisão dos primeiros suspeitos”.
O “Faraó dos Bitcoins” foi capturado durante a Operação Kryptos, em agosto de 2021, por suspeita de comandar um esquema bilionário de pirâmide financeira e lavagem de dinheiro. Já Eliane é apontada como “uma das principais destinatárias de recursos da organização criminosa”, que vinha sendo “essencial para a sobrevivência da organização criminosa após a deflagração (da operação)”.
A advogada agia com a colaboração da Malta Intermediação de Negócios e Consultoria Ltda, empresa responsável por intermediar a venda das criptomoedas que estavam em posse de Glaidson, e tem como sócios Rogério Rosenedo da Silva e Guilherme Silva Nunes -fundador, sócio e diretor da Capitual, empresa que viabiliza o saque em reais da Binance, maior corretora de criptoativos do mundo.
Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), Rogério afirma que fazia transações para Eliane, por meio da GLA Serviços de Tecnlogia LTDA, desde 2020, mas, após a deflagração da Operação Kryptos, as transações se tornaram “quase diárias”.
Conforme as investigações, foram depositados, a partir de 24 de agosto de 2021, um total equivalente a mais de R$ 228 milhões.
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