Pedro Ricardo é Vice prefeito e atual Secretário de Saúde de Saquarema - Facebook
Pedro Ricardo é Vice prefeito e atual Secretário de Saúde de SaquaremaFacebook
Por Nana Magalhães
Saquarema -  Até ontem (6), o Ministério da Saúde havia registrado 12.056 casos confirmados do Novo Coronavírus no Brasil. 926 casos a mais em 24h. O número de óbitos também aumentou, agora são 553. Com esta linha crescente, tememos a chegada da doença em nossa cidade. O Secretário de Saúde de Saquarema, Pedro Ricardo, fala sobre o plano de contingência, esclarece dúvidas e orienta a população.
O Dia - Dr. Pedro, nós sabemos que medidas e ações vem sendo tomadas pela prefeitura desde o dia 13 de março, quando a prefeita baixou o primeiro decreto [1981], proibindo qualquer tipo de aglomeração. O que mais precisa ser feito neste momento?

Dr. Pedro Ricardo - A prefeita Manoela foi rápida e assertiva. O nosso Plano de Contingência foi um dos primeiros a serem elaborados na região e, por isso, ainda não temos nenhum caso confirmado no município. Somos a única cidade da Região dos Lagos sem um caso confirmado. Já houve óbito em cidade vizinha. Nós, desde o início, estamos seguindo os protocolos do governo estadual e, principalmente, do Ministério da Saúde. Começamos tomando medidas para evitar aglomerações, fechamos comércios, escolas e prédios públicos. Proibimos a frequência nas praças, praias e lagoas do município. Hoje, já existem barreiras sanitárias em todas as entradas da cidade e está sendo feita a sanitização das ruas de maior movimento no município. Estamos, também, reestruturando e organizando a rede de atenção hospitalar. Toda rede de atenção à saúde do SUS foi alertada para a atual fase, para que os profissionais de saúde estejam mais sensíveis à detecção de casos suspeitos, manejo adequado desses pacientes e, também, estamos reforçando o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Os estoques dos EPI preconizados também foram checados e aquisições emergenciais estão sendo acionadas.

O Dia - E todas estas medidas e ações retardam ou impedem a chegada do Covid-19 na cidade?

Dr. Pedro Ricardo - É muito importante que a população entenda a gravidade dessa doença e que não podemos sair de casa, estamos de quarentena. Todos os dias tomamos medidas e colocamos em prática as ações para que o Novo Coronavírus chegue aqui de uma forma mais branda, mas não conseguiremos fazer isso sozinhos. A rápida escalada da doença tem esgotado sistemas de saúde sólidos no mundo todo, vocês estão vendo o que está acontecendo no mundo? Se Nova Iorque está tendo dificuldades para tratar os seus pacientes, nós também teremos. O velho ditado, hoje, é lei: “é melhor prevenir do que remediar”.
Também receberemos mais uma ambulância da Secretaria Estadual. Na linguagem popular e para uma cidade de um pouco mais de 87 mil habitantes, considerando que 15% da população precise de atendimento à doença, aos poucos, temos estrutura. O nosso maior medo é que aconteça aqui o que vem acontecendo nas outras cidades do mundo, que a população adoeça toda ao mesmo tempo. Ninguém no mundo tem estrutura para isso. Tivemos a sorte de sermos espectadores da forma como a doença age, antes dela chegar. Tivemos tempo para decretar a quarentena, mas se esse não for um trabalho conjunto, se a população não colaborar, não tem jeito.
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O Dia - E quanto à infraestrutura, o que o município tem hoje dá conta de uma crise causada pela doença?

Dr. Pedro Ricardo - Hoje, temos 05 Leitos de UTI/CTI totalmente equipados e ampliação de mais 07 leitos de UTI/CTI no HMNSN, são 12 leitos no nosso hospital. Estamos implantando mais 10 leitos de estabilização e 02 leitos de Unidade Semi Intensiva (USI) no PU de Saquarema. Também estamos buscando novos fornecedores de equipamentos médicos, principalmente respiradores, para disponibilizarmos mais 10 leitos de UTI/CTI.
Os testes rápidos estão para chegar e serão usados como uma ferramenta para auxílio no diagnóstico do Covid-19, seguindo as orientações do Ministério da Saúde.

O Dia - Algumas cidades vem conduzindo o enfrentamento de uma forma mais flexível, mantendo em quarentena apenas pessoas com mais de 60 anos e com condições que elevam o risco de casos graves. O que você acha desta medida?

Dr. Pedro Ricardo - É consenso entre nós, profissionais de saúde, não só do Brasil, do mundo, que o isolamento total seja feito. Trabalhamos seguindo orientações médicas mundiais. Admiro a forma como o ministro vem conduzindo a crise causada pelo Covid-19 e temos seguido à risca suas orientações. A quarentena evita que toda a população seja infectada, a maior parte das pessoas não está dentro dos grupos de risco, mas temos idosos e outros que podem entrar nos casos graves. Temos que entender que ninguém no mundo está preparado para receber uma pandemia, esse tipo de coisa não se espera. Usem máscaras, fabriquem em casa, se precisarem sair, não saiam sem proteção. E se todos atenderem às nossas orientações e cumprirem os decretos e normas de enfrentamento ao Covid-19, se Deus quiser, passaremos por essa fase ruim de uma forma mais branda.