Presidente da Alterdata Software, Ladmir Carvalho, e Amanda Oliveira, aluna do Projeto GalileoNathalia Schumaker
Pessoas físicas e jurídicas participam do projeto adotando alunos durante de 6 meses, período de duração do curso. As empresas participantes também ajudam na divulgação, captação de padrinhos e até na contratação dos recém-formados.
O proprietário da Alterdata Software, Ladimir de Carvalho falou, com exclusividade ao O DIA, sobre os desafios, expectativas e conquistas ao longo desses quase dois aos do Projeto Galileo. Segundo José Ronaldo, também sócio-proprietário da Alterdata Software, “A chave para a mudança é a educação. Exemplo disso é que “a maioria dos jovens da primeira turma já foi contratada.”
O DIA: Sr. Ladmir, o sr. falou que o Projeto Galileu tem como objetivo inspirar através do exemplo, de ser fomentador de cultura. Sobre criar referência junto à família e aos amigos, como o sr. entende esse processo?
Ladimir Carvalho: Quando se cria referências positivas, você alavanca a pessoa para outro nível, não só um novo nível econômico, mas também cultural, social. Esse aluno passa a estimular as pessoas ao redor, tanto os pais, irmãos, quanto amigos, vizinhos. Assim, ele se torna agente multiplicador de boas práticas, de novos ideais.
O DIA: O sr. disse que há dois problemas: déficit no mercado de TI de programadores e desempregados sem qualificação na área tecnológica. Que possibilidades o sr. percebe para esse cenário?
Ladmir: “É possível criar mão de obra qualificada para que esses jovens possam prestar serviços para a cidade em que estamos, para nosso Estado, para o Brasil, e, quiçá, para o mundo.”
Um do padrinhos do projeto, afirmou: “Eu me vi na sua história. Venho de uma família muito humilde, e Deus me deu muitas oportunidades. Eu hoje sou professor da pós-graduação e moro em Curitiba. Faço esse apadrinhamento por acreditar no projeto e por entender que é preciso, sim, retribuir pelas oportunidades que tivemos na vida.”
O DIA: Como é feita a captação de padrinhos para o projeto?
Ladmir: Eu uso minha influência pessoal para captar pessoas interessadas em apadrinhar o projeto, seja nas inúmeras palestras que faço por todo o Brasil, seja junto aos empresários com os quais tenho relações.
O DIA: Que tipo de alunos são buscados para o Projeto?
Ladimir: Nós queremos alunos que sejam capazes de influenciar o núcleo em que eles estão inseridos: a família, o vizinho, os amigos. A busca por pessoas pobres, carentes, mas comprometidas para poder virarem referência para aqueles que não têm o mesmo comportamento exemplar e, assim, servirem de exemplo, poderem inspirar outros a mudar.
O DIA: Mas já existem vários projetos de capacitação profissional. O que o Galileo tem de diferente?
Ladmir: Existem vários trabalhos de capacitação profissional para a classe baixa, mas são todos voltados para emprego de baixa renda. Esses cursos não quebram o ciclo econômico da família. Quando se coloca um jovem para ganhar mais do que os pais, a gente quebra todo um paradigma.
O DIA: Como é a relação das famílias com os jovens do Projeto? Todas apoiam, incentivam?
Ladimir: A magia acontece na família. Sobre isso tenho dois casos emblemáticos. O primeiro é a saída de alguns do projeto. Investigando, nossas equipes ouviram frases como esta: “Minha mãe mandou eu parar com esta bobeira, que é para eu trabalhar.” Eu acho inacreditável, eu quase não acreditei. E é uma situação muito complexa, mas a família precisa estar evoluída.
O DIA: E qual é a outra situação?
Ladmir: Temos um case muito interessante. Um menino passou por todas as provas, mas precisava de um notebook. Então, a família toda decidiu fazer uma vaquinha. Antes de terminar o curso, ele foi contratado. A irmã do rapaz, diante do sucesso dele, disse que também queria participar do projeto, mas passou pelo mesmo problema do irmão: precisava de um notebook. O aluno, então, ajudou a comprar o computador para a irmã. Foi na época da pandemia e precisavam trabalhar em home-office. Conclusão: a casa ficou pequena e eles alugaram um outro imóvel, pois já tinham o salário dos dois. Esse é um exemplo de como se pode mudar a vida de toda uma família.
O DIA: Como o sr. entende a estrutura básica do Projeto Galileo?
Ladimir: O projeto tem três pilares: a necessidade de mão de obra qualificada, o mercado de Tecnologia da Informação que precisa de pessoas qualificadas e pessoas querendo ajudar financeiramente.
O DIA: O projeto oferece algum outro curso além do voltado especificamente para a programação de computadores?
Ladmir: Sim, pedimos ajuda ao Sebrae para poder instruir esses jovens sobre comando, hierarquia, metas, objetivos, trabalhos em equipe. O Sebrae dá palestras sobre esses temas, sobre comportamento, conduta, porque eles não têm referência nesses sentidos.
Entrevista com aluna do Projeto Galileo
Aluna do Projeto Galileo, Amanda da Costa Oliveira, de 20 anos, falou ao O DIA sobre a experiência de participar do projeto, suas expectativas, desafios e sobre a importância de acreditar nos sonhos.
O DIA: Qual foi seu primeiro contato com o Projeto Galileo?
Amanda Oliveira: Assim que entrei na Alterdata, como jovem aprendiz, eu estava em busca de um curso de informática, passei no shopping e a Tech4me estava participando com uma exposição de robótica, peguei um panfleto e vi sobre o curso de programação. Conheci um rapaz na Alterdata que me contou sobre o Projeto Galileo e que foi contratado por causa desse projeto. Um dia, eu vi uma postagem no Facebook sobre o processo seletivo para ser apadrinhado no curso de programação.
O DIA: Como é o processo de inscrição no Galileo?
Amanda: Me inscrevi no processo seletivo, recebi um WhatsApp, enviei todas as minhas documentações e depois preenchi uma ficha socioeconômica. Após isso, recebi meu acesso à plataforma da Tech4me para fazer a prova lógica e, se eu passasse, teria que enviar um vídeo contando minha história em até 2 minutos. Consegui passar no teste de lógica e enviei o vídeo. Depois de 2 semanas, recebi a mensagem que uma empresa havia me apadrinhado.
O DIA: Quais são suas expectativas tanto no Projeto Galileo como na Alterdata?
Amanda: Minhas expectativas começaram a aumentar e se refletiram nas minhas ações quando entrei na Alterdata e na Tech4me. Ali eu descobri o que eu realmente queria e pelo que meu coração pulsava. Minha expectativa hoje é concluir o curso da Tech4me, entrar na faculdade e conseguir uma vaga de estágio na Alterdata como desenvolvedora Júnior. Quero subir cada degrau e degustar do que aprendi.
O DIA: Qual o seu sonho a partir do Projeto?
Amanda: Em primeiro lugar é me formar na faculdade do meu sonho que é Direito, conseguir uma vaga de sênior e trabalhar com o que amo. Poder levar uma vida muito melhor para meus pais e dar orgulho para eles. Viajar é o mais importante, passar tudo que sei para pessoas que começaram igual a mim, sem saber absolutamente nada de programação.
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