![Crianças da Casa do Menor São Miguel Arcanjo assistiram ontem à primeira sessão após a doação - Maíra Coelho](https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2017/11/02/1200x670/1_0211mc37-588019.jpg)
Mais um capítulo na trama que envolve a doação de uma videoteca aos detentos da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica. Ontem, o pastor Carlos Alberto de Assis Serejo divulgou nota no Facebook em que afirma ter se reunido com Sérgio Cabral, na biblioteca do presídio, quando o próprio ex-governador pediu que ele assinasse um termo de uma doação que não existiu, porque o equipamento já se encontrava na penitenciária. A defesa de Cabral rebateu a denúncia e alega que não passa de mais um boato. Desde quarta-feira, o Ministério Público estadual está com procedimento investigatório criminal sobre o caso.
Na nota, Carlos Serejo diz que a reunião ocorreu dia 27 de outubro, por volta de 15h30, durante culto do pastor Cesar Dias de Carvalho. Segundo o comunicado, ele próprio e a missionária Clotildes de Moraes foram chamados à biblioteca pelo ex-governador. Na ocasião, "o detento expôs a necessidade de que um representante de instituição religiosa ou filantrópica assinasse documento de doação de alguns equipamentos eletrônicos (TV, DVD e Home Theater) que, segundo Cabral, já estavam no local, a fim de legitimar o uso destes pelos presos."
A nota informa que, "segundo a fala de Sérgio Cabral, o diretor da entidade prisional teria alegado que o uso de todos os equipamentos só poderia ser oficializado caso houvesse o documento de doação. O preso solicitou ajuda e falou que era só assinar o papel, e esse favor foi feito! O foco jamais foi beneficiar exclusivamente o preso Sérgio Cabral. Jamais se compactuaria com quaisquer decisões que contrariassem as leis ou os valores cristãos."
De acordo com o advogado de Carlos Serejo, Dr. Heckel Garcez Rodrigues Ribeiro, seu cliente foi induzido ao erro e não tinha noção do que estava acontecendo quando pediram para ele assinar o documento. "Ele só queria ajudar, foi do fundo do coração. Ele caiu na mão de uma pessoa de má fé", alega Ribeiro, acrescentando que Serejo é apenas missionário e não representa a Igreja Batista do Méier.
Para Rodrigo Roca, um dos advogados de Sérgio Cabral, a denúncia não passa de mais um boato. Ele conta também que ainda não se reuniu com o ex-governador para tratar do assunto. "Cada um fala o que quer e é responsável pelo que diz. Não acredito que o ex-governador tenha feito o pedido", desqualifica Roca. A Secretaria de Administração Penitenciária informou que o titular da pasta jamais colocaria a assinatura "em documentos obrigados" e que suspendeu o benefício das TVs em celas e recreação esportiva dos detentos por 30 dias. A Seap afirma ainda que suspendeu a autorização da referida igreja de executar trabalho missionário em todas as unidades prisionais.