Tiffany chegou ao Bauru em julho%2C após cirurgia na mão esquerda - Reprodução Twitter
Tiffany chegou ao Bauru em julho%2C após cirurgia na mão esquerdaReprodução Twitter
Por O Dia

São Paulo - A oposta Tifanny Abreu, primeira jogadora transexual a atuar na Superliga Feminina de Vôlei, adotou o silêncio sobre a polêmica criada em torno de suas atuações. Blindada pelo próprio clube, o Vôlei Bauru-SP, a jogadora tem recusado entrevistas exclusivas e só dá declarações sobre assuntos relacionados ao próprio jogo que for disputar ou realizou.

A presença de Tifanny reacendeu o debate sobre a atuação de atletas transexuais nascidos homens nos esportes para mulheres. Atletas, treinadores e torcedores discutem se Tifanny poderia ter vantagens físicas sobre as demais jogadores, principalmente com relação à força.

A discussão ganhou novo impulso nas redes sociais depois de Tifanny ter feito a sua melhor partida no torneio nacional na última terça-feira ao marcar 39 pontos na derrota do Vôlei Bauru para o líder Dentil Praia Clube-MG por 3 sets a 2 - com parciais de 25/20, 25/14, 17/25, 18/25 e 15/13.

A ex-jogadora Ana Paula Henkel comentou o caso e se posicionou contrária à participação de Tiffany no vôlei feminino, voltando a dizer que um "homem biológico" está quebrando recordes das mulheres.

Ao marcar 39 vezes, ela bateu o recorde de pontos de uma jogadora em uma mesma partida da competição. A marca anterior pertencia a Tandara, que, em 2013, anotou 37 pontos na vitória do Campinas-SP sobre o mesmo Praia Clube.

O desempenho também está relacionado ao número de vezes em que foi acionada no confronto. Ela recebeu 75 bolas, com 44% de aproveitamento. Ao todo, ela marcou 33 vezes em ataques e seis em bloqueios.

Tiffany recebeu autorização da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para disputar a Superliga no início de dezembro, após quase 10 meses de espera. Em março, ela havia conseguido a liberação da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para competir entre as mulheres.

Na semana passada, a FIVB confirmou a liberação. A decisão foi tomada após uma reunião em Lausanne, na Suíça, entre os integrantes da comissão médica da FIVB. A entidade fez apenas uma ressalva. No caso de torneios nacionais entre clubes, a responsabilidade da liberação dos atletas pertence às respectivas federações nacionais. Na situação de Tifanny, a decisão caberia à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

Pela legislação do Comitê Olímpico Internacional (COI), uma atleta transgênero está autorizado a competir em alto rendimento entre mulheres desde que não produza uma quantidade de testosterona que ultrapasse 10 nanomol por litro de sangue nos 12 meses anteriores à competição. Tifanny costuma apresentar 0,2 nanomol/l de testosterona em seus exames, cumprindo os requisitos do COI.

Hoje, Tifanny tem 33 anos. Ela iniciou a transição de gênero em 2012, realizou um tratamento hormonal e cirurgia de adequação sexual. Antes da transição, ela participou de ligas masculinas de vôlei em Portugal, Indonésia, Espanha, França, Holanda e Bélgica.

A polêmica deve se estender ao longo deste primeiro trimestre, pois o COI pretende discutir o tema novamente após os Jogos Olímpico de Inverno, que serão disputados em fevereiro, na Coreia do Sul.

Com informações do Estadão Conteúdo

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