Avanços tecnológicos e medidas de segurança são citados como fatores preponderantes para a extensão da vida útil da usina nuclearFoto: Divulgação

Angra dos Reis – Em 2019 a Eletronuclear, empresa estatal que controla as usinas da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), na região Costa Verde do Rio de Janeiro, solicitou formalmente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a extensão de vida útil da usina Angra 1 por mais 20 anos. Inicialmente, a unidade foi construída para fornecer energia por um período de 40 anos, porém os avanços tecnológicos e padrões de segurança adotados ao longo dos anos permitiram à empresa solicitar a extensão da operação.
De acordo com Leonam dos Santos Guimarães, presidente da Eletronuclear, o pedido foi realizado de acordo com um compromisso da empresa em fazer esta solicitação cinco anos antes do vencimento da licença operacional. Angra 1 entrou em operação em 1985 e seus 40 anos de atividade expiram em 2024.
Pouco mais de 2 anos após dar entrada no processo, o próximo passo da empresa para manter Angra 1 funcionando até 2044 é uma reavaliação de segurança que é realizada a cada dez anos. A primeira aconteceu em 2004, a segunda em 2014 e a terceira seria em janeiro de 2024, mas a estatal decidiu antecipar para dezembro de 2023. Na ocasião, uma equipe da Eletronuclear vai apresentar à CNEN uma análise de 14 itens exigidos que fazem parte do processo de extensão da licença junto ao órgão.
Em paralelo, existe um processo de licenciamento junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a quem a apresentação da análise também deverá ser realizada. 
De acordo com a CNEN, as extensões de vida útil de reatores nucleares vêm ocorrendo no mundo todo e foram possíveis por dois fatores principais. Um deles é o avanço tecnológico, o que permitiu que novos materiais e técnicas sustentassem a segurança das usinas por um tempo maior que o inicialmente projetado. O outro é que os padrões de segurança adotados inicialmente são tão rigorosos que permitem uma ampliação do prazo de operação licenciado.
Os Estados Unidos, por exemplo, já realizaram extensão de operação para mais de 70 usinas nucleares, nas quais a vida útil passou, na maioria dos casos, de 40 para 60 anos. Naquele país, já foram iniciados estudos que podem estender a operação das usinas para até 80 anos. Procedimentos de extensão de vida útil de reatores nucleares também ocorreram na França e na República Checa.