Costa Verde – O futuro da exportação de café do Sul de Minas pelo Terminal Portuário de Angra dos Reis (TPAR) depende de um projeto do início do século passado. O trecho da linha férrea que liga Angra à Barra Mansa, que começou a ser construido em 1929 e transformou o porto da cidade litorânea em uma das bases de sustentação da economia local, volta a ser o centro das atenções quase um século após o início de suas obras.
O trecho de 105 km entre as cidades do litoral e do Sul Fluminense está inoperante desde as fortes chuvas de 2010, que destruíram parte de sua estrutura, e foi abandonado pela VLI, empresa arrendatária da ferrovia. Segundo Cléber Marques, CEO do Porto Seco Sul de Minas, interessado na exportação de café e outros insumos agrícolas pelo TPAR, as obras de reconstrução vão custar algo em torno de R$ 200 milhões, mesmo valor de uma multa contratual entre a VLI e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
- Ela (VLI) pagar a multa ou reativar a ferrovia é o mesmo valor. O problema é que quando ela decide pela multa, o valor vai para um caixa único que acaba sendo usado para diversas obras. Mas este é um patrimônio nacional que precisa ser revitalizado -, disse Marques.
Trabalhando há mais de 20 anos com logística de armazenagem, a Porto Seco Sul de Minas se transformou em uma gigantesca estação aduaneira com faturamento anual de R$ 14 bilhões. Responsável por 30% das exportações brasileiras de café, a empresa movimenta cerca de 200 mil contêineres (ou equivalentes) por ano em cargas de importação e exportação pelo Porto de Santos por transporte rodoviário, a um custo unitário médio de R$ 3,4 mil. Com o transporte sendo realizado pela ferrovia até Angra, o valor do transporte seria inferior a R$ 2 mil por contêiner ou equivalente de carga, uma redução de custo bastante significativa.
A estimativa é que o número de contêineres que passa anualmente pelo Porto Sul de Minas possa dobrar com a reativação da linha férrea, melhorando a logística de importação de outras cargas para o Triângulo Mineiro e Goiás, como adubos, fertilizantes, equipamentos e máquinas agrícolas, via Porto de Angra.
- Queremos nos tornar o porto de Minas Gerais para o agrobusiness -, completou Marques.
Na próxima quinta-feira (16), o prefeito de Angra, Fernando Jordão, terá uma audiência em Brasília com o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para tratar da reativação do trecho da ferrovia até Angra.
- O ministro já sinalizou que a VLI faça a devolução e entregue a ferrovia reconstruída. Nós vamos ainda à ANTT, que é importante nesse processo para que tenhamos a ferrovia recuperada. A vontade política do governo federal em resolver a questão a gente já tem, só precisamos acertar alguns detalhes com a concessionária -, declarou Jordão, após evento que debateu a questão.
Caso decida recuperar o trecho Angra-Barra Mansa antes de devolver a ferrovia à ANTT, a VLI terá até três anos para executar as obras.
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